SAÚDE

Esquizofrenia atinge mais de 65 milhões de pessoas

Márcio Tiradentes Cunha: “Não obrigatoriamente a esquizofrenia significa retardo”

Faeza Rezende
faeza.rezende@jmonline.com.br
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 03:52
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A esquizofrenia ganhou notoriedade em 2001, com o filme Uma Mente Brilhante, em que um gênio matemático foi acometido pela doença mental e viu sua carreira de sucesso se desmoronar. Popularmente conhecido como "loucura", o mal, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 1% da população mundial, o que corresponde a mais de 66 milhões de pessoas.

Conforme ressalta o psiquiatra Márcio Tiradentes Cunha, as características de cada um desses milhões de esquizofrênicos, bem como a manifestação dos sintomas da doença, pode ser diferente, o que impede a imposição de um estereótipo para o paciente. "Precisamos desmistificar essa questão.

Não obrigatoriamente a esquizofrenia significa retardo, ou afetará o intelecto da pessoa. Como no filme, o esquizofrênico pode continuar excessivamente inteligente, mas isso pode também não acontecer", explica.

Cunha informa que a esquizofrenia afeta várias funções e coordenações cerebrais e, por isso, pode se manifestar de várias maneiras. Basicamente, existem duas "classes" em que estão divididos os sintomas: positivos e negativos. "Ainda há os chamados sintomas cognitivos, que são déficit de atenção, de memória, de capacidade de raciocínio etc", reforça o médico.

Entre os positivos estão os delírios e as alucinações. "Um psicótico pode, por exemplo, entender que todas as pessoas que estão caminhando na mesma direção que ele o estão seguindo. É uma forma de

distorcer a realidade, um delírio. Já as alucinações podem ser quando a pessoa ouve uma voz ou vê alguém que não existe", esclarece o psiquiatra.

Já os sintomas negativos englobam, entre outros, o isolamento social – dificuldade de relacionamento – e embotamento emotivo, ou seja, quando a pessoa recebe com a mesma emoção e fisionomia a notícia de que perdeu a mãe e a de que ganhou na loteria.

A doença crônica, que varia na composição de seus sintomas, manifesta-se, evolutivamente, por surtos, que duram em média seis meses e que podem vir a ser recorrentes ou não. Essas crises são causadas por alterações neuroquímicas no organismo do doente, como o excesso de dopamina do cérebro.

Segundo o psiquiatra, isso acontece em decorrência de um conjunto de fatores, sendo a doença derivada de uma integração de carga de gens complexa e de condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento.

O médico informa que, em alguns casos, a carga genética, por ser muito forte, por si só faz com que a doença se manifeste, fato este que impede a prevenção da doença. Por outro lado, a presença intensa de fatores ambientais desencadeantes – entre eles o uso de drogas e os traumas psicológicos, como a separação de pais ou morte de familiares – pode levar ao desenvolvimento da esquizofrenia, mesmo estando aliada a uma carga genética fraca.

Ainda é assunto de pesquisas a interferência de doenças durante a gestação que possam desencadear a esquizofrenia.

Tratamento. Em regra, a esquizofrenia é uma doença do adolescente e do adulto jovem classicamente entre 14 e 29 anos. Quanto mais cedo tratada – tanto em idade quanto no número de surtos – melhor é o prognóstico.

Segundo o médico, estatisticamente, em 25% dos casos da doença a pessoa tem um único surto na vida, voltando praticamente ao seu funcionamento normal depois do período. Já 50% dos esquizofrênicos têm mais de uma crise durante a vida, melhoram com o tratamento, mas não conseguem voltar ao seu funcionamento anterior ao do primeiro surto. "Os outros 25% não respondem ao tratamento e têm uma evolução bastante ruim", conta o especialista.

O tratamento para a esquizofrenia é medicamentoso, podendo ser aliado à psicoterapia, esta última visando auxiliar o paciente a compreender suas limitações e a necessidade da continuidade do tratamento.

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