Falta de médicos motiva reclamação de usuários de Unidade Regional de Saúde

Atendendo a denúncia anônima, a equipe do Jornal da Manhã compareceu, na manhã de ontem, à Unidade Regional de Saúde (URS) do bairro Boa Vista. De acordo com o denunciante, que preferiu não se identificar, havia uma grande demora e descaso no atendimento dos pacientes, os quais esperavam há mais de cinco horas para ser atendidos. No local lotado, usuários dos serviços de saúde revelaram que é preciso chegar por volta das 6 horas para conseguir atendimento mais rápido.   Outra senhora, que também não quis se identificar, lamentava a espera por mais de três horas para se consultar com um médico ginecologista. “Não é só hoje que a situação está assim. Em qualquer dia da semana, a demora é a mesma, independente do atendimento”, disse. Heloisa Melo, coordenadora da URS – Boa Vista, afirmou que o atendimento na manhã de ontem acontecia de forma normal. Segundo ela, apenas dois médicos, por questões burocráticas, não estão atendendo. “Nestes casos, os contratos venceram no dia 28 de fevereiro e, por questões legais, ainda não foram renovados. Os médicos querem vir trabalhar, mas, legalmente, não podem. Foram contratos feitos em caráter emergencial, por conta do ano eleitoral, por isso houve esse contratempo”, explica.   No momento em que a coordenadora afirmava existir um clima de tranquilidade no atendimento e em relação ao tempo de espera dos pacientes, um senhor com idade avançada e diabético chegou à sala dizendo que estava se sentindo mal e que, mesmo assim, não conseguia prioridade em seu atendimento. De acordo com o paciente, um atendente o maltratou, dizendo que não poderia passá-lo na frente dos outros usuários. Sem conceder entrevista à reportagem, o paciente apenas afirmou que estava esperando, em jejum, desde às 7 horas e, por isso, já estava a ponto de desistir. Nesse momento, já eram 9h55.   Após o incidente, Heloisa reconheceu que há falhas no sistema. A coordenadora ressalta, porém, que a URS sempre tenta acomodar o usuário da melhor maneira possível. Por outro lado, ela afirma que muitos pacientes não colaboram e nem sempre compreendem situações como a vivida pelo portador de diabetes. “Eu até posso ir lá e pedir prioridade para o atendimento dele, mas sempre há alguém que não aceita ceder seu lugar na fila”, lamenta. Em relação aos usuários que madrugam no local, buscando atendimento mais rápido, a coordenadora contesta, entendendo que não há essa necessidade. “Eles vêm porque querem, pois sabem que todos os atendimentos aqui são com hora marcada. Por exemplo, se o médico atende das 8 às 11 horas, o paciente pode chegar às 10 horas que será atendido”, conclui.