Segundo o médico Ilídio Antunes, qualquer suspeita de que a pessoa doadora tenha tido possibilidade de estar infectada já inviabiliza a doação, já que não há como confirmar
A pandemia do novo coronavírus em Minas Gerais também afetou os transplantes de órgãos no Estado. Segundo a MG Transplantes, o número de doadores diminuiu cerca de 60% desde o início da pandemia.
O coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HC-UFTM, Ilídio Antunes, explica que a orientação durante a pandemia é que, antes de recolher os órgãos, os médicos conversem com os familiares do doador para entender o histórico dele, se teve alguma síndrome respiratória ou contato com alguém nessas condições.
“Nos últimos 30 dias, já tivemos três pacientes diagnosticados com morte encefálica em que um dos casos não podemos realizar a coleta dos órgãos em função de uma contraindicação. Temos que fazer um inquérito muito mais detalhado do que já realizamos. Em função do coronavírus questionamos onde a pessoa mora, onde ela esteve e com quem esteve, se ela pode tido contato com pessoas que estavam contaminadas com o vírus e tendo alguma dessas respostas positiva, já é um impedimento para a captação dos órgãos”, explica o coordenador.
O médico ressalta que, em função de o vírus já estar circulando entre as pessoas, é necessário redobrar os cuidados. “Se há uma suspeita, temos que testar para ver se o paciente pode ser doador, mas esbarramos na morosidade e na falta de testes para Covid-19. Se não temos um teste não podemos fazer a coleta de órgãos. A extensão do problema é muito grande e afeta toda a saúde”, conta o médico.
De acordo com o coordenador da comissão, atualmente 40 mil pessoas estão na fila para receber um transplante no país. Minas Gerais tem 4.227 pessoas esperando um transplante, mais da metade deles aguarda a doação de rins. “O MG Transplante está em todos os hospitais, estamos seguindo as orientações e realizando as captações e transplantes, dentro do possível”, conclui.