SAÚDE

Gagueira: um distúrbio de linguagem adquirido

Repetições (ca-ca-casa), bloqueios (ca—sa) ou prolongamentos (caaaasa) de sons ao pronunciar uma palavra (casa). A gagueira é um problema...

Faeza Rezende
faeza.rezende@jmonline.com.br
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 14:16
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Repetições (ca-ca-casa), bloqueios (ca—sa) ou prolongamentos (caaaasa) de sons ao pronunciar uma palavra (casa). A gagueira é um problema que, em caráter momentâneo, segundo o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), atinge 5% dos brasileiros, ou seja, 9,5 milhões de pessoas. Já a prevalência do distúrbio de forma persistente, crônica, é de 1% da população brasileira, ou seja, 1,9 milhão.   A fonoaudióloga Juliana Soares Oliveira explica que a gagueira é um distúrbio dos padrões normais de tempo e fluência da fala, sendo caracterizado por repetições frequentes ou prolongações de sons ou sílabas. Além disso, o gago pode sofrer outras disfluências, como incluir interjeições, pronunciar palavras quebradas ou com bloqueio ou repetições monossilábicas do vocábulo. De acordo com a especialista, apesar da carga genética, ninguém nasce gago, sendo o distúrbio na linguagem adquirido. “Ele pode se desenvolver a partir de pressões psicológicas, na maioria das vezes, na fase de desenvolvimento da linguagem, por falarem incorretamente, ocasionando, assim, uma gagueira fisiológica”, justifica.   Oliveira acrescenta, ainda, que a gagueira é de causa multifatorial, sendo que, além do caráter hereditário, os fatores orgânico, social e psicológico influenciam na sua manifestação. “O orgânico refere-se a situações onde o cérebro da criança foi agredido, como, por exemplo, em casos de partos muito demorados, que podem causar uma diminuição momentânea da oxigenação do cérebro do bebê e, consequentemente, levar ao aparecimento da gagueira no futuro”, explica.   Já o fator social, segundo a fonoaudióloga, é favorável ao aparecimento da gagueira quando os ambientes em que se vive é muito agitado; quando as pessoas falam muito rápido ou com uma complexidade linguística muito maior do que a adequada à idade da criança. “O fator psicológico pode fazer com que a pessoa tenha insegurança ou medo na hora de falar; é importante deixar claro que alguns sintomas psicológicos são causa e outros são consequências da gagueira”, destaca.   Entre os efeitos da gagueira, se o distúrbio não for tratado, estão a vergonha de falar, de frequentar lugares públicos, de fazer um pedido ou novos contatos, além de ter prejudicado o desenvolvimento da linguagem.   Tratamento. Por não ser uma doença, não existe cura para a gagueira, e sim tratamento, que, quando realizado precocemente, obtém-se uma melhora na fala. O tratamento evolve exercícios específicos para o desenvolvimento de uma fala mais natural, diminuindo as disfluências voluntárias, além de trabalho com a auto-estima do paciente, aceitação do problema e sua inserção social. “Com o tratamento, há uma mudança no funcionamento dos neurônios das regiões do cérebro envolvidos na produção da fala, os quais passam a funcionar de forma mais próxima à normalidade”, informa Juliana.

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