Hospital das Clínicas registra filas para cirurgias estéticas

Cursar Residência Médica em Cirurgia Plástica do hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro significa para muitos a oportunidade de realização de um sonho. Mensalmente, no local, cerca de quatro a cinco cirurgias estéticas são realizadas, sem nenhum custo para o paciente. Mas a vontade – quase que global – de corrigir um defeito na aparência e, principalmente sem pagar nada, faz com que o local registre uma exagerada demanda pelo serviço e, consequentemente, crie uma fila muito grande. Hoje, a estimativa é que 100 pessoas aguardam uma vaga para se submeterem ao procedimento, o que corresponde a uma lista de espera que será eliminada só em dois anos, já que, em média, é realizada uma cirurgia estética por semana.   O chefe da disciplina de Cirurgia Plástica da UFTM, o médico Luiz Humberto Toyoso Chaem, explica que o número de pessoas que querem fazer alguma modificação no corpo é muito grande. “As mulheres que engravidam, por exemplo, vão ter excesso de pele no abdômen e afastamento da musculatura da parede abdominal, necessitando recompor essa estrutura. Além disso, a mama cresce, as mulheres amamentam, a mama diminui, e como a pele cresceu, sobra. Então, é necessário recompor a mama”, ressalta o especialista, exemplificando os tipos de procedimentos mais procurados. Todavia, o currículo de um residente em Cirurgia Plástica engloba apenas 20% de cirurgias estéticas, sendo os outros 80% referentes a procedimentos para reparação. Por isso, para as cirurgias reparadoras, que são aquelas que corrigem as alterações morfológico-funcionais, como queimaduras e problemas congênitos, entre eles imperfeições em mãos e pés, não existe fila no local.   Para a formação de um cirurgião plástico são necessários, em média, 11 anos, já que, além dos 6 anos da faculdade de Medicina, existem 5 anos de Residência, sendo dois deles dedicados à Cirurgia Geral e três à Cirurgia Plástica. Esses últimos três anos são assim divididos: dois para cirurgias reparadoras e um para cirurgia estética. Chaem ressalta que todas as pessoas, de qualquer classe social, podem se inscrever para o serviço, devendo, apenas, seguir a ordem cronológica de marcação. Todavia, para evitar criar expectativas e não concretizá-las em um curto espaço de tempo, a direção clínica do Hospital das Clínicas da UFTM optou por só abrir espaços para novas cirurgias quando surgirem vagas.   De acordo com o médico, são poucos os estabelecimentos no Brasil que oferecem a realização de cirurgias plásticas para o aprendizado dos residentes com todo o custo financiado pela própria instituição de ensino. “O único custo do paciente é com materiais para os curativos feitos em casa e com os acessórios após a cirurgia, como sutiãs específicos ou cintas”, afirma.