Foto/Josué Damascena/IOC-Fiocruz
Soluções com água e açúcar combinadas com diferentes substâncias foram utilizadas para produzir iscas
Assim como os beija-flores, os insetos flebotomíneos – transmissores das leishmanioses, conhecidos como mosquitos-palha – alimentam-se naturalmente do néctar das flores e são atraídos por soluções açucaradas.
Tendo em vista essa característica, algumas estratégias de controle vetorial lançam mão de uma armadilha: soluções de água com açúcar combinadas com inseticidas são borrifadas sobre plantas ou pedaços de algodão, transformando-os em iscas açucaradas, que são espalhadas nos locais conhecidos de concentração dos insetos. Recém-publicado na revista Parasites and Vectors, um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) abre portas para o desenvolvimento de uma versão sustentável do método.
O trabalho avalia a ação de compostos naturais de plantas, chamados de glicosídeos, e seus derivados. A pesquisa aponta atividade contra os parasitos Leishmania, causadores das leishmanioses, e mostra que, quando administrados aos flebotomíneos através de iscas açucaradas, alguns desses compostos diminuem a quantidade de parasitos presente nos insetos, assim como reduzem a longevidade dos vetores.
Segundo os autores, os resultados indicam que as moléculas são promissoras para o desenvolvimento de iscas açucaradas para controle vetorial e bloqueio da transmissão das leishmanioses, com menor risco de desenvolvimento de resistência entre os insetos e de danos ambientais. “Os glicosídeos são açúcares de plantas que constituem uma defesa natural contra isentos herbívoros e já vêm sendo estudados para o controle de pragas agrícolas. Por isso, decidimos avaliar sua ação contra os flebotomíneos, como uma alternativa sustentável aos inseticidas”, conta o pesquisador Fernando Genta, do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do IOC e coordenador do estudo.