Para Jussara Gonçalves, a constipação intestinal é um sintoma que pode estar associado a doenças orgânicas ou funcionais
A constipação intestinal, popularmente conhecida como intestino preso, é uma das queixas que lideram o ranking de reclamações nos consultórios médicos. O problema, atualmente, afeta 20% dos ocidentais, ou seja, um em cada cinco brasileiros sofre com o intestino preguiçoso, que pode ser um sinal do câncer de cólon ou reto. O que pouca gente sabe é que o uso indiscriminado de “laxantes” pode acentuar o problema. De acordo com a médica gastroenterologista Jussara Gonçalves, a constipação intestinal não é uma doença, mas sim um sintoma que pode estar associado a doenças orgânicas ou funcionais. “A constipação provoca incômodo e desconforto em um ato natural, que é a evacuação. Significa fezes excessivamente duras e pequenas, eliminadas com pouca frequencia e com excessivo esforço”, informa a especialista, acrescentando que o paciente de intestino preso, geralmente, evacua no máximo duas vezes por semana. O diagnóstico de constipação intestinal crônica funcional deve ser feito pelo médico, após descartar doenças neurológicas, diabetes, hipotiroidismo e uso de drogas, como antidepressivos e antiparkisonianos. “É importante salientar que a constipação intestinal, especialmente se acompanhada de sangramento, pode ser o primeiro sinal de câncer de cólon ou reto”, alerta a médica para a importância da busca por orientação médica assim que o sintoma for constatado. Gonçalves explica que a constipação ocorre por disfunção dos cólons ou de estruturas da região anorretal, sendo que vários fatores podem levar ao problema. As principais causas sã a falta de fibras na alimentação, pouca ingestão de água, sedentarismo, limitação nos movimentos do corpo (sequelas, reumatismo, velhice) e alimentos que causam o ressecamento das fezes, como o chocolate. A médica lembra, ainda, que doenças endócrinas (hipotireoidismo), a diabete e a insuficiência renal crônica também podem causar a prisão de ventre. “No Brasil, a principal causa de intestino preso é a doença de Chagas, que ataca o intestino grosso e causa sua dilatação (megacólon)”, acrescenta. Tratamento. Segundo a gastroenterologista, se a prisão de ventre for decorrente de condições orgânicas, como tireóide, diabetes e uso de drogas, elas devem ser prontamente corrigidas. “Em se tratando de constipação funcional, deve-se modificar os hábitos de vida, como deixar o sedentarismo, aumentar a ingestão alimentar de fibras e ingerir maior quantidade de água”, orienta a médica. Jussara Gonçalves alerta que o uso indiscriminado de laxantes só tende a agravar o quadro, sendo que, se houver necessidade de medicamentos, esses devem ser receitados por médicos. “As pessoas devem estar atentas aos remédios ditos “naturais”, como cáscara-sagrada e chá de sene, que na realidade são laxativos e causam cólicas, enquanto seu uso em longo prazo pode provocar doença intestinal, agravando a constipação”, avisa a médica. Conforme conta a especialista, esses medicamentos “naturais” são irritantes da mucosa intestinal. “Em longo prazo, a ação desses laxativos pode levar à inflamação da camada muscular da mucosa intestinal e o intestino da pessoa vai parar de funcionar”, informa.