Um filho faz parte do projeto de vida de praticamente todos os casais. A felicidade, para muitos deles, está atrelada à concretização desse sonho. Mas a notícia de infertilidade – que afeta cerca de 15% dos casais na fase reprodutiva – pode transformar esse desejo em um grande pesadelo. Medo, insegurança, ansiedade.
“A infertilidade não compromete a integridade física do indivíduo nem ameaça a sua vida, mas produz grande frustração e debilita a personalidade, uma vez que a maioria dos casais considera o fato de ter filhos como um objetivo de suas vidas”, conta a médica Mariana Kefalás, especialista em reprodução humana.
Mas, com o avanço da medicina, muitos casais têm conseguido concretizar esse sonho com tratamentos especializados, como o de reprodução assistida (bebê de proveta). Atualmente, segundo a especialista, com esse mecanismo é possível obter gravidez em 30% a 40% dos casos. “As complicações do tratamento são raras e decorrem do uso de hormônios injetáveis, do procedimento de coleta dos óvulos e da transferência de mais de um embrião”, informa.
Mariana ressalta que, no caso da reprodução assistida, o tratameno é indicado em casos de obstrução das trompas, quando há alterações graves no sêmen, em graus mais avançados de endometriose ou quando há falhas dos tratamentos com apenas indução da ovulação. O tratamento é realizado durante aproximadamente 15 dias de um ciclo menstrual.
Infertilidade. Quando um casal deve procurar um especialista em reprodução humana? Sem dúvida, uma das perguntas mais escutadas nos consultórios é: somos inférteis? A médica esclarece que, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se um casal infértil quando, ao término de dois anos mantendo relações sexuais frequentes (duas a três vezes por semana) e sem proteção anticoncepcional, não se obtém gravidez.
“Este prazo foi assim determinado tendo em vista que o ser humano é altamente ineficiente em termos de reprodução, com taxa de fertilidade por ciclo menstrual em torno de 20%. A taxa de gravidez acumulada em um ano é de 93% e, em dois anos, de 97%”, explica Mariana.
No geral, inicia-se a investigação do casal infértil a partir de um a dois anos de insucesso na tentativa de engravidar. Em alguns casos, como em mulheres com mais de 35 anos, a especialista conta que se aguarda no máximo dose meses, uma vez que a idade causa impacto na infertilidade. E essa situação está cada vez mais comum nos consultórios. Afinal, conforme relata a médica, os casais estão adiando o momento da decisão de ter filhos, principalmente por dedicação à vida profissional.
“Além do fator idade, os crescentes casos de infertilidade podem estar relacionados a alterações na qualidade do sêmen, devido a certos hábitos, entre eles o tabagismo e etilismo, a multiplicidade de parceiros e fatores ambientais, como poluição, alimentação e estresse”, sentencia. Pela investigação, o especialista descobre, no caso das mulheres, se há ovulação, se as trompas estão boas para permitir a chegada do óvulo fertilizado no útero e se o útero está normal. “Para investigar o homem, é necessário, pelo menos, um espermograma”, comenta Mariana. Pelo diagnóstico, conforme informa a médica, é que se determina o tratamento ideal para o casal.