O acidente nuclear ocorrido no dia 12 de abril pode ter sido em Fukushima, nordeste do Japão, mas foi suficiente para deixar o mundo em alerta quanto à utilização sustentável da energia nuclear. Devido ao acidente, países passaram a refletir na possibilidade de substituir por completo o uso de materiais radioativos para produção de energia. A medida é saudável, porém o incidente levantou novas dúvidas de quem precisa fazer exames ou tratamentos à base de materiais radioativos.
Especialista em Medicina Nuclear, George Calapodopulos explica que as aplicações da energia nuclear são diversas, desde a produção de energia ao favorecimento da agricultura, da indústria, na descoberta da idade de objetos antigos, através da datação por carbono 14, mas principalmente na medicina. “A Medicina Nuclear é especialidade essencialmente diagnóstica. É possível fazer diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares, ortopédicas, arteriais, renais, hepáticas, neurológicas, endócrinas e também é utilizada na localização específica de um tumor no organismo. Com isso, é possível torná-lo um alvo para o tratamento local do câncer”.
A preocupação das pessoas está justamente na aplicação de um material radioativo através de injeção, via oral ou inalação. No entanto, o médico explica que os exames com materiais nucleares são muito mais seguros e indolores do que as pessoas imaginam. De acordo com o especialista, o exame não tem efeitos colaterais, como queda de cabelo e enjoos.
Segundo Calapodopulos, todo material radioativo, como o tecnécio (Tc), por exemplo, material mais utilizado em exames, tem uma meia vida, uma espécie de validade de sua atividade no corpo, de 6 horas. “Isto significa que a radiação emitida pelo núcleo do átomo do tecnécio, que será captada pela câmara de cintilação e transformada em uma imagem para encontrar onde está um tumor ou onde há uma obstrução da artéria, perderá metade de sua atividade de 6 em 6 horas. Além disso, esse material é eliminado pelo organismo naturalmente após um tempo. Portanto, em 24
horas o paciente está totalmente livre da pequena quantidade de material radioativo injetado. Um período curto para trazer qualquer risco à saúde”, esclarece.
Hoje, 95% da utilidade da medicina nuclear é destinada ao diagnóstico precoce de doenças. O restante serve para tratamento de vários tipos de câncer. “Sem essa tecnologia, não seria possível fazer o diagnóstico precoce. E fazer uma intervenção na doença só ocorreria em uma fase avançada, diminuindo as chances de cura”, completa Calapodopulos. Nos reatores nucleares, a produção de energia é feita com materiais radioativos com uma meia-vida muito longa, o que gera tantos riscos à saúde.