SAÚDE

Médico revela: timidez não é doença

“Timidez não é doença, mas sintoma. Sintoma é aquilo que permite que uma pessoa perceba que está doente...

Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 14:30
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“Timidez não é doença, mas sintoma. Sintoma é aquilo que permite que uma pessoa perceba que está doente. Por exemplo, febre é um sintoma que, aliás, pode corresponder a centenas de diferentes doenças”, revela o médico psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py.   Segundo ele, a timidez é uma condição que nos permite saber da existência de uma doença em atividade, podendo ser desde uma gripe comum até graves infecções. “Dor de cabeça também é sintoma de doença, e não doença propriamente dita. Da mesma forma, a timidez consiste na manifestação de uma dificuldade emocional, mas não é a própria dificuldade em si, apesar dos problemas sofridos por quem é tímido”, revela.   Conforme Py, o que está por detrás da timidez é o excesso de importância que o tímido atribui a si. Ele se sente como se estivesse sendo alvo da atenção das pessoas, quando, na maioria das vezes, ninguém sequer o está percebendo. “O caso mais intenso de timidez de que tive notícia foi o de uma jovem que não conseguia tocar a campainha para o ônibus parar. Ela se sentia como se estivesse incomodando todos os passageiros ao obrigar o ônibus a parar só para ela. Por isso, tinha de esperar que alguém quisesse descer e só então ela podia saltar, juntamente com a outra pessoa. Seu receio consistia em ser alvo da irritação, e mesmo do ódio, dos outros passageiros e do motorista”, conta. Ainda de acordo com ele, em artigo publicado no site Uol, uma interessante descrição do processo mental dos tímidos é encontrada no poema The Love Song of J. Alfred Prufrock (A canção de amor de J. Alfred Prufrock), de T.S. Elliot, traduzindo a longa fala de uma personagem, que chega a dizer: “Ousarei comer um pêssego? Ousarei perturbar o universo?” Mostra que, para algumas pessoas, pequenos gestos são sentidos como possivelmente catastróficos, levando-as a ter uma atitude tímida e receosa.   Segundo o psiquiatra, a timidez pode ser enfrentada com sucesso quando sua causa está relacionada a problemas neuróticos, ou seja, a mal-entendidos desenvolvidos a partir da infância do indivíduo. A diminuição da timidez depende de um esforço do indivíduo no sentido de melhor compreender sua dinâmica emocional; em outras palavras: como funciona sua mente. Depende também de a pessoa se habituar a novas situações, que tendem a ser intimidantes. Situações desconhecidas geralmente assustam, amedrontam. “Para melhor entender a dinâmica da timidez, vale a pena notar que o verbo intimidar mostra uma íntima relação que existe entre timidez e medo. O tímido é um atemorizado. Seu medo é, principalmente, dos sentimentos negativos, especialmente o ódio, que outras pessoas possam manifestar contra sua pessoa. Compreender que tais situações existem na imaginação, e não na realidade, ajuda o tímido a superar sua dificuldade. Familiarizar-se com situações novas ou pouco comuns na vida também ajuda na superação da timidez”, ressalta.   Concluindo, o médico revela: “uma psicoterapia conduzida por profissional competente pode surtir bons resultados, o que não exclui que o tímido possa melhorar com a ajuda de algum livro de boa qualidade e por seu próprio esforço. Mas convém lembrar que tudo pode ser aprendido com menos desgaste quando se tem a ajuda de um professor qualificado. Isso serve não apenas para combater a timidez, mas também para aprender a nadar, fazer ginástica, aprender uma língua estrangeira e assim por diante”.

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