Meningite exige cuidados nesta época do ano

Está internado, desde o dia 4 de maio, na UTI pediátrica de hospital no Rio de Janeiro, o bebê da cantora baiana Cláudia Leitte, que hoje foi transferido para a ala de tratamento semi-intensivo. Mesmo com todas as vacinas em dia, a criança de três meses, ainda em período de amamentação, teve o diagnóstico confirmado como meningite. A doença, uma inflamação que ataca as meninges, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal, é transmitida mesmo que o contaminado não manifeste a doença. Segundo o pediatra Cláudio Araújo Faria, ela pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, ou até por outros agentes, como os bacilos da tuberculose. As de origem viral são as mais frequentes. Já as causadas por fungos têm incidência mais rara, atingindo pessoas com HIV, imunodeprimidos ou pessoas que estejam hospitalizadas.   “As faixas de maior risco são as crianças menores, recém-nascidos, lactentes menores de dois anos, adultos idosos e pessoas com a defesa imunológica mais baixa, ou com doenças de base, como diabetes, problemas cardíacos e câncer, pois estão com a defesa imunológica mais baixa e têm maior risco de pegar qualquer doença, inclusive a meningite”, conta o pediatra. Os sintomas podem ser os clássicos ou pouco menos conhecidos. Por isso, na existência de qualquer sintoma, é importante o acompanhamento de um médico para o diagnóstico precoce. “Na criança, os sintomas clássicos da meningite são febre, dores de cabeça e vômito, que podem ser acompanhados de tonturas, rigidez ou dor na nuca. Bebês, como o da Cláudia Leitte, podem ter irritabilidade, choro intenso, ou o contrário, uma moleza e não sugar o leite. Febre, às vezes vômito, distensão abdominal, quando a barriga fica alta, podendo ainda ter o aumento na frequência respiratória e cardíaca”, explica Faria.   No caso do filho da cantora, o agente foi uma bactéria, considerado o mais grave. “Em recém-nascidos, é muito frequente a bactéria cair na corrente sanguínea, causando uma infecção generalizada. Pode atingir vários órgãos: começa como meningite e dissemina para o corpo inteiro, causando falência cardíaca, respiratória e renal. É uma doença bem grave”, observa. A meningite viral, mais comum, e normalmente mais tranquila, é causada por diferentes vírus, podendo apresentar-se como uma gripe e, depois, evoluir. Nesses casos, o tratamento é sintomático, com remédios para febre e dores, controlando os sintomas. Em casos mais específicos e que exigem mais cuidados, são usados medicamentos antivirais, que combatem os agentes. Já a bacteriana, pode ser transmitida mais frequentemente pela pneumococo, meningococo e pela hemófilos. E apenas o diagnóstico pode sugerir qual o tratamento mais indicado. Segundo o pediatra, em alguns casos o diagnóstico da meningite é feito, mas é difícil isolar o agente específico, por isso é usada a penicilina e medicamentos complementares.   “A forma de transmissão mais frequente é por gotículas de saliva, porque o meningococo, por exemplo, habita a região orofaríngea e pode estar com você ou comigo e não ter manifestação, por termos uma boa defesa. A criança pode ter uma queda na defesa imunológica, pegar a bactéria e desenvolver a doença. E com a aglomeração de pessoas, que na época do inverno, ficam mais unidas, é quando começamos a ver mais casos de meningite”, completa. Ele alerta que a bactéria pneumococo é uma das mais graves, sendo um agente que produz complicações irreversíveis, com sequelas como surdez, atraso no desenvolvimento psicomotor e até mesmo problemas de fala, linguagem e de desenvolvimento escolar. “Dependendo do grau, do local e das complicações, pode levar a consequências motoras, como problemas para andar”, afirma.