Sociedade Brasileira de Pediatria estima que a obesidade atinja cerca de 10% das crianças no país, mas o número chega a 48% entre os adultos
Pesquisa recente divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que os brasileiros estão se alimentando pior que anos atrás e, com isso, é cada vez maior o número de pessoas acima do peso. Em 2006, 42,7% da população estava acima do peso e 11,4% desse total sofria de obesidade. Hoje o número chega a 48%, sendo 15% dessa população portadora de obesidade. A conclusão é de crescimento preocupante, especialmente por estar diretamente relacionado ao surgimento de doenças crônicas.
E o problema não atinge apenas os adultos. A Sociedade Brasileira de Pediatria estima que a obesidade atinja cerca de 10% das crianças no país.
A nutricionista Ana Carolina Salge Roldão explica que a obesidade é causada por fatores genéticos, mas principalmente por maus hábitos, fenômeno produzido pelas mudanças no padrão alimentar, dentre elas maior consumo de produtos industrializados, rápidos de preparar, ao invés de balancear a alimentação com frutas e legumes.
No caso das crianças, a principal causa disso é a repetição dos hábitos dos adultos. “Pais não têm mostrado bons exemplos de saúde.
A criança passa a buscar aquilo que é fácil, como sorvetes, salgadinhos industrializados e lanches rápidos. Além de se alimentar com fast food, elas deixaram de praticar atividades físicas durante as brincadeiras. Hoje é computador e videogame dentro de casa e o sedentarismo virou prática comum”, frisa.
Ainda de acordo com a pesquisa do Ministério da Saúde, apesar de o feijão fazer parte do patrimônio cultural, brasileiros que comem o grão pelo menos cinco vezes por semana caiu de 72% para 66%, nos últimos quatro anos. E em torno de 14% da população adulta não pratica nenhum exercício físico, nem mesmo durante o tempo de lazer ou na ida ao trabalho.
Ana Carolina revela que a reeducação alimentar é peça chave para diminuir o índice de doenças ligadas à obesidade, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, desnutrição etc. “Como incentivar a criança a comer verduras e frutas se os próprios pais não comem? É preciso trabalhar adultos e seu ambiente familiar”, destaca.
A nutricionista alerta que, assim como para o adulto é difícil fazer regimes, as crianças também sofrem com os agravantes psicológicos. “Na ansiedade de querer perder peso e sem uma estrutura psicológica formada, as crianças acabam não conseguindo fazer, sozinhas, mudanças de hábitos. Nesse caso, costumam pular refeições, o que piora o quadro”, revela Ana Carolina.