Hoje completam 100 anos que a doença de Chagas foi descoberta. Para lembrar a data, a Secretaria de Estado de Saúde irá reforçar, nos próximos meses, as ações voltadas para o controle da doença. Entre as atividades estão as capacitações de profissionais de saúde, com o intuito de agilizar o diagnóstico do problema. Haverá, ainda, treinamentos que vão orientar agentes de saúde, em diversos municípios, na aplicação de inseticida. Em 2008, foram capturados e examinados 39.764 espécimes de barbeiros. Desse total, 316 tiveram resultado positivo para T. cruzi, revelando um índice de infecção natural de 0,89%. Nesse período, a ausência de notificação de triatomíneos, da espécie Triatoma infestans, revela que as medidas de controle estão sendo adequadas em relação ao principal transmissor da doença. Outra atividade desenvolvida constantemente pelo Programa de Controle da doença de Chagas para a prevenção de casos é a vigilância dos bancos de sangue na triagem de doadores. A detecção de casos com a realização de inquéritos soroepidemiológicos e a constante vigilância na rede de saúde leva ao conhecimento de casos crônicos. Situação. Atualmente, os casos diagnosticados de doença de Chagas são de pessoas que foram infectadas há muitos anos (casos crônicos). Desse modo, não é possível determinar o número de chagásicos em Minas Gerais, uma vez que o banco de dados nacional para notificação da doença (Sinan) só registra os casos de infecções recentes (casos agudos). Como nos últimos anos não houve comprovação da ocorrência de casos agudos da doença de Chagas no Estado, os dados de prevalência também são baseados em estimativas. Entretanto, sabe-se que um grande número de pessoas foi infectado antes do controle do Triatoma infestans, fazendo com que, hoje, o Estado tenha um grande contingente de casos crônicos, remanescentes desse período. Estima-se que, em Minas Gerais, 300 mil pessoas sejam portadoras da doença de Chagas, e que, no Brasil, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas estejam infectadas, casos remanescentes do período em que havia transmissão vetorial intensa. A doença. Também conhecida como mal de Chagas, a doença é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitida por insetos vetores, os triatomíneos, conhecidos popularmente como barbeiros. Trata-se de um inseto hematófago, ou seja, que se alimenta de sangue, e, enquanto se alimenta, libera suas fezes contendo o parasito. A picada do inseto causa coceira e, dessa maneira, serve como porta de entrada para os parasitos. Nos primeiros meses de infecção, a doença de Chagas segue um curso agudo, caracterizado pela presença de parasitos no sangue. Nesse período, é comum a presença de febre prolongada e recorrente, cefaleia, mialgias, entre outros. Aproximadamente, três meses após a infecção, a doença desenvolve um curso crônico, com os parasitos albergados nos diferentes tecidos. A fase crônica pode ser assintomática ou sintomática. Apenas 30% das pessoas desenvolvem algum sintoma da doença de Chagas, que pode afetar o sistema digestivo e, principalmente, o sistema cardíaco. O controle da doença consiste basicamente no controle da transmissão vetorial, da transmissão transfusional (através de extensivo controle nos bancos de sangue) e da transmissão vertical, identificando gestantes chagásicas ou recém-nascidos, por triagem neonatal.