Cerca de 90% das mortes pela obstrução de vias aéreas por corpo estranho atingem crianças menores de cinco anos. Entre as principais causas da obstrução em bebês com até um ano são os engasgos com líquidos, geralmente durante a fase da amamentação e da inclusão de sucos e água na alimentação, e até cinco anos, com a colocação de objetos na boca.
A enfermeira Cíntia Dutra explica que isso acontece porque a deglutição ainda não está totalmente desenvolvida nesta idade. “Agora, a partir de um ano até os cinco anos de vida, a obstrução acontece por balões, comida ou balas, o que é muito comum, e vários outros objetos pequenos e imagináveis. Bebês colocam tudo na boca. No hospital já encontrei uma menina que havia engolido lacre com a marca que fica no cabo das sombrinhas. Por isso, é muito importante tomar alguns cuidados”, alerta.
Segundo ela, é fundamental ter sempre um adulto perto das crianças, embora estatísticas demonstrem que a maioria dos acidentes com obstrução acontecem na presença de adultos. “Isso acontece no momento em que o adulto se descuida da criança, como, por exemplo, quando a mãe está trocando a frauda do bebê sobre o trocador e se vira para pegar algo. A criança pode cair. Na banheira, a mesma coisa. Cinco centímetros de água são suficientes para a criança se afogar”, frisa. Ainda de acordo com a enfermeira, a supervisão deve ter início com a retirada de perto da criança de todos os objetos que lhe possam causar algum tipo de engasgo.
Cíntia orienta a nunca dar à criança objetos que passem pelo interior da base de papelão usada para enrolar o papel higiênico. “Se o objeto passar ali dentro, não se deve dar à criança, porque há possibilidade de ele obstruir a via aérea. O problema maior não é ela engolir o objeto, e sim quando a criança o aspira e ele vai parar na traqueia, obstruindo a respiração. Se engolir algo, é só esperar que saia nas fezes. Basta acompanhar o deslocamento pelo intestino, através do raio X”, esclarece. Entre os objetos mais comuns ingeridos por crianças estão moedas, tampas de canetas e brinquedos dos irmãos maiores. “O ideal é sempre ficar atento na hora de comprar um presente, observando se o brinquedo está de acordo com as normas do Inmetro e se a indicação condiz com a faixa etária da criança”, conclui a enfermeira.