Mulheres impulsionam medicina estética

Em fevereiro, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) divulgou dados sobre cirurgias plásticas realizadas no Brasil entre setembro de 2007 e agosto de 2008. Os números são impressionantes: 1.252 cirurgias por dia, ou seja, 547 mil durante o período. Para se ter uma idéia da dimensão do setor, durante todo o ano passado, foram realizadas pouco menos de 167 mil cirurgias cardiovasculares no país. A procura pela melhora do estético é maior entre o sexo feminino, que corresponde a mais de 70% das cirurgias plásticas realizadas no país. Para o médico cirurgião plástico Kaissor Saad, tanto o crescimento do número de procedimentos realizados no país como a evolução sofrida pelo setor são de responsabilidade das mulheres.   “A cirurgia plástica foi criada para as mulheres. É uma homenagem a elas. Em torno de 95% do setor é movimentado por elas e, se hoje a medicina estética está como está, são elas as responsáveis por essa evolução”, comenta o especialista, acrescentando que hoje as cirurgias estéticas deixam cicatrizes menores, estão mais rápidas e proporcionam uma recuperação mais pronta. Os dados da SBCP mostram que, mesmo preocupada em se inserir no mercado de trabalho e cuidar da família, as mulheres não perderam o cuidado com a aparência e a feminilidade.   “A mulher procura a cirurgia estética mais pela vaidade e autoestima”, avalia o cirurgião. Por outro lado, segundo Saad, os homens ainda continuam com muito preconceito quanto à submissão a uma cirurgia estética, mas estão se vendo obrigados a procurar o método. “O mercado está competitivo e procura pessoas jovens e bonitas. O homem está envelhecendo no mercado, então, já estão começando a procurar alguns procedimentos como correção de pálpebra e implantes de cabelo”, destaca.   Os preferidos. De acordo com o médico, a cirurgia estética entre as mulheres engloba, atualmente, todas as faixas etárias, desde os 8 anos de idade. Nessa idade, a demanda nos consultórios é, restritamente, pela correção das orelhas chamadas popularmente “de abano”. Entre as jovens, a correção de nariz e prótese de silicone são mais procuradas. Em seguida, na menopausa e depois de alguma gestação, as mulheres recorrem à mamoplastia e lipoaspiração.   No ranking geral de cirurgias mais procuradas, o silicone é o líder. De acordo com o levantamento divulgado pela SBCP, pela primeira vez, o procedimento ocupou o primeiro lugar, ultrapassando o interesse por lipoaspiração. Durante o período, foram realizadas 151 mil cirurgias de mama e outras 91 mil de lipoaspiração. “Antes, o silicone dava problema. Hoje, a prótese nem precisa ser trocada nunca mais”, justifica Saad. Outro procedimento que vem conquistando espaço no setor é a prótese de silicone para bumbum. “O bumbum das brasileiras tem fama. Então, quem não tem quer ter”, afirma o médico, garantindo essa é uma cirurgia simples como a de mama.   Facilidade. Além da preocupação com a autoestima entre as mulheres, outra justificativa para o alto número de cirurgias plásticas realizadas no país, de acordo com o médico, é a acessibilidade à técnica. Antes, os procedimentos estéticos eram restritos a uma pequena parcela da população, mas hoje se popularizaram. O aumento do número de cirurgiões plásticos no mercado e a difusão da SBCP fizeram com que os preços baixassem. Além disso, hoje é possível parcelar uma cirurgia em até cinco vezes.