O Fantástico, programa da Rede Globo, exibiu no domingo, 28, o novo quadro que apresenta os dilemas no dia-a-dia das mulheres. No primeiro episódio, o Liga das Mulheres trouxe o caso de Lucilene Santos, uma jovem de 23 anos que engordou ao ficar grávida da filha, hoje com um ano e seis meses. Com a autoestima baixa e insatisfeita com a própria aparência, sua rotina em casa é comer o dia todo, e de forma desregrada. Esse é um drama muito mais comum do que se imagina e faz parte do grupo dos que sofrem de transtornos alimentares, entre eles a bulimia. Segundo a psicóloga Alessandra Carvalho Abrahão Sallum, pesquisas têm mostrado que em torno de 3% a 7% das jovens no mundo têm bulimia. “Se observar bem, é muito. E se pensarmos em episódios de bulimia, não a doença instalada, 40% das universitárias já os tiveram. Elas acabam em algum momento da vida induzindo vômito ou tomando algum remédio para manter o peso”. Para ela, a bulimia pode ser diagnosticada pela ocorrência de compulsão alimentar em pelo menos dois episódios por semana, durante três meses. “Ingerir grande quantidade de comida num período curto de pelo menos duas horas e que pode ou não ser seguida de vômito, de grande sensação de culpa ou de autopunição”. Sinais estes que podem ser identificados por familiares e amigos, acelerando o processo de diagnóstico que encaminhe o doente ao atendimento adequado. “É comum as pessoas que sofrem da doença esconderem sua situação. Então, por conta de um afastamento social, alguém que chama atenção ou algum problema médico desencadeado pela doença, a pessoa acaba procurando atendimento, o que facilita o tratamento”, explica Alessandra Carvalho. Entre os sinais mais evidentes, segundo a psicóloga, estão o hábito de comer sem parar, algumas vezes escondido; trancar-se no banheiro, pode ser que esteja vomitando, em casa; a entrada de medicamentos de natureza purgativa (laxantes e diuréticos); passar muito tempo na academia, com excesso de exercícios; praticar dietas severas ou mesmo jejum. “Prestar atenção a sintomas depressivos é importante, porque de 20% a 70% das pessoas com bulimia têm depressão. É uma doença associada. Uma pessoa triste, que não come direito ou esteja fragilizada, precisa de ser acompanhada. Outra dica é fazer exames médicos frequentes, porque um profissional vai perceber uma desidratação, um desarranjo de minerais e vitaminas, uma possível anemia, uma esofagite, que aparecem em casos mais prolongados de bulimia”, destaca Alessandra. Além disso, a psicóloga alerta para os casos de pessoas que tomam a atitude, mesmo não frequente, em épocas do ano, buscando acelerar a perda de peso. Para a especialista em transtornos alimentares, isso é uma porta aberta, que aumenta as chances de desenvolvimento da doença. “A pessoa que cria o hábito de tomar laxante ou um diurético para sair bonitinha no carnaval ou no réveillon pode ser que, num momento de fragilidade emocional, a mente recorra a esse recurso, que já é usual”.