Em 2008, a regional oeste de transplante registrou um aumento de 54% no número de doações de córneas.
Em 2008, a regional oeste de transplante, que envolve municípios do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba, notadamente concentrada nas Universidades Federais de Uberaba e de Uberlândia, registrou um aumento de 54% no número de doações de córneas e 15% com relação às doações de múltiplos órgãos e tecidos num comparativo com 2007. Dessa forma, o desempenho geral da regional, 34,5%, seguiu o percentual de Minas Gerais, que anotou um crescimento de 34% no total de doações no mesmo período. O comportamento do Estado foi muito melhor do que o apresentado pelo país, que registrou aumento de 10%. E o objetivo é que esse número seja ainda maior em 2009. “Em cada milhão de pessoas, conseguimos oito doadores. A meta para 2009 é aumentar para dez”, destaca o médico Ilídio Antunes de Oliveira Júnior, coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIH-DOTT) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Em Uberaba. A boa performance da região fez com que a fila de espera para córneas praticamente zerasse em Uberaba. No Hospital das Clínicas da UFTM, onde o número de pessoas que aguardavam transplantes já chegou a 200, hoje, foi reduzido para cerca de 20 pacientes ativos (que está pronto para receber a doação). “Antes, se esperava por um transplante de córnea quase um ano e meio. Hoje, essa espera é de 60 a 90 dias”, comemora o médico. Já a fila para transplante de outros órgãos na região ainda é grande, porque, conforme ressalta o coordenador da CIH-DOTT, para a doação é necessário que seja constatada morte encefálica, diferente da córnea. Em 2008, em 100% dos casos registrados em Uberaba de morte encefálica, as famílias autorizaram a doação. Mas os critérios para seleção dos doadores são rigorosos, entre eles, a verificação se o paciente não tem sorologia positiva quanto a doenças como sífilis, HIV, etc. “O objetivo é transplantar órgãos bons, para que o transplante seja um sucesso e o paciente tenha uma sobrevida boa”, garante Ilídio Antunes. Para aumentar o número de doações de córnea na regional, será criada entre os próximos três meses, uma unidade de captação de córneas na cidade de Conceição das Alagoas no Hospital João Henrique. O acordo já foi oficializado e a unidade funcionará como um trabalho de extensão do Hospital das Clínicas da UFTM. A expectativa é que a unidade possa aumentar em até 50% o número de doações. Segundo o relatório estatístico, referente ao ano de 2008, divulgado pela CIH-DOTT da UFTM, foram feitos pela comissão 466 procedimentos de busca ativa de possíveis doadores. Ao todo, foram 96 entrevista com familiares, 90 delas referente a autorização de doação de córneas. No total, em 2008, foram efetivadas 41 doações. Das entrevistas realizadas para doação de córneas na cidade, 38,88% foram confirmadas, ultrapassando o mínimo exigido pelo Ministério da Saúde que é de 20%. Como doar? O projeto Vida pela Vida, que visa conscientizar a população da importância de doação de órgão e tecidos, completa oito anos em 2009, com mais de 130 palestras educativas realizadas em 13 cidades diferentes na região. Segundo o médico responsável pelo programa, o bom comportamento do Vida pela Vida pode ser notado no banco de doadores de medula na cidade. Em 2001, quando foi iniciado o projeto, Uberaba não contava com praticamente nenhum cadastro. Atualmente, já são cerca de 6 mil pessoas doadores. “É muito difícil encontrar compatibilidade entre doador e receptor de medula entre não aparentados. É uma chance em um milhão. E, no ano passado, saiu do nosso banco de dados um doador para uma pessoa no Rio de Janeiro”, conta o médico. No caso da medula óssea, a doação é feita em vida. Os potenciais doadores devem ter entre 18 e 55 anos, não podem ter doença infecto-contagiosa, e devem se inscrever no Hemocentro. Os interessados em se tornarem doadores de órgãos, conforme orienta o médico, devem informar a família desse desejo, para que ela autorize a doação quando da fatalidade.