Nutricionista derruba mito e recomenda pão nosso de cada dia

Ele é o principal componente da mesa no café da manhã. Com geléia, manteiga, margarina ou recheado com presunto e queijo, o pãozinho faz parte do cardápio diário de praticamente todos os brasileiros. Por outro lado, muitas pessoas ainda acreditam que ele seja o grande vilão da alimentação.   A nutricionista Flávia Nagethini, especialista em Nutrição Clínica e pós-graduanda em Nutrição Esportiva, desmistifica o senso comum. Conforme ela lembra, foi a partir da década de 70, com o surgimento da dieta do Dr. Atkins, que incentiva o consumo de gorduras e proteínas, que começou o mito em torno do carboidrato.   Mas a especialista garante que o alimento só é prejudicial e contribui para a engorda se o seu consumo for acima do necessário. “Se for ingerido corretamente, ele é uma ótima fonte de carboidrato. E inúmeros artigos científicos já provaram que o carboidrato é essencial e ideal para uma boa saúde”, informa.   Nagethini explica que a falta do carboidrato no cardápio desequilibra a dieta, já que a substância tem como principal qualidade ser fonte energética. “O nosso cérebro, por exemplo, chamado de órgão nobre, só utiliza o carboidrato (a glicose) como fonte de energia. Então, ele é importante para manter órgãos como esse”, alerta a nutricionista.   Opções. Entre os dois tipos de pão, integral e francês, Nagethini orienta para que a preferência seja sempre pelo integral. Segundo a especialista, os dois tipos, em termos de calorias, não têm praticamente nenhuma diferença. Todavia, a substituição é válida, pois o pão branco (francês) é fabricado por um processo de industrialização chamado refinaria. “Esse procedimento retira alguns nutrientes como vitaminas, minerais e as fibras do alimento”, ressalta.    Assim sendo, o pão comum contém apenas carboidrato, enquanto que o integral é rico em vitaminas, sais minerais e, principalmente, em fibras. “A pirâmide alimentar preconiza que pelo menos 50% da ingestão diária de carboidrato seja da forma integral, justamente por seus benefícios, como a prevenção das doenças cardiovasculares e de cânceres, além de atuar na absorção do colesterol e da glicose”, conta a nutricionista.   Apesar de não haver diferença significativa em termos de calorias, para o emagrecimento o ideal, segundo a nutricionista, também é o integral. “As fibras aumentam a sensação de saciedade, ou seja, não sentimos fome por um espaço de tempo maior”, garante.   Rótulo. No supermercado, uma das maiores dúvidas da população é como escolher o pãozinho. Na prateleira, mais de vinte tipos do alimento integral, com embalagens atrativas e promessas como vitaminas, Ômega 3, fibras, maior quantidade de grãos ou sem gordura trans.   Diante de tanta publicidade, a dica da nutricionista é focar a atenção apenas na parte do rótulo que contém as informações nutricionais dos produtos. “No pão integral, o mais importante é a quantidade de fibras. Não necessariamente o pão que contém mais grãos é o mais rico em fibras. Inclusive, o pão com 7 grãos tem mais fibras do que o de 12 grãos”, esclarece.   Outro alerta quanto às informações de marketing é da frase “zero gordura trans”. De acordo com Naghetini, a Anvisa permite que os produtos tenham em sua composição pequena porcentagem dessa gordura e não obriga que venha discriminado tal ingrediente na rotulagem. “Devemos desconsiderar isso, porque, às vezes, o produto até tem a gordura trans, mas está escrito que não”, orienta.   A maioria dos pães integrais lights, de acordo com a especialista, não passou pelo teste do Inmetro realizado recentemente. “Para diminuir as calorias, eles reduzem o tamanho da fatia e, consequentemente, a quantidade de carboidratos. Então, é como se correspondesse a meia fatia do pão normal e, aí, a tendência é de que acabaremos comendo mais”, afirma.