Foto/ilustrativa Daniil kuzelev
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Então, como saber a diferença entre uma simples secura, decorrente do clima menos úmido do inverno, e uma doença séria, cujos principais sintomas são os mesmos? Quem explica é o médico reumatologista, Dr. Carmo de Freitas.
“Existe uma doença autoimune, chamada Síndrome Seca, que pode ou não se apresentar associada à uma outra doença autoimune, como a Artrite Reumatóide ou o Lúpus, cujos principais sintomas são olhos e boca seca. É uma doença que apresenta uma evolução lenta e contínua e ocorre devida a uma infiltração de algumas células nas glândulas exócrinas, aquelas que secretam fluidos para fora do corpo ou dentro de uma cavidade do nosso organismo”.
Cuidado com a automedicação!
Muitas vezes, o que ocorre é que o paciente não percebe que a doença pode representar um risco em potencial à sua saúde e se automedica com colírios e bochechos, e acaba não fazendo a avaliação adequada que a doença exige.
“É uma doença de difícil diagnóstico por apresentar uma evolução lenta e sua manifestação clínica ser gradual e discreta, podendo, inclusive, estar associada ao uso de algum medicamento, como antidepressivos ou anti-hipertensivos, ou mesmo à alguma infecção. Caberá ao médico fazer o diagnóstico diferencial. Quando as queixas estão associadas a alguma outra patologia autoimune, um reumatologista terá mais facilidade de associá-las à doença”, afirma Dr. Carmo de Freitas.
Com o agravamento da doença, poderá haver infecção de repetição nos olhos, retração de gengiva e danos às membranas mucosas que revestem várias partes do corpo, como nariz, tranqueia, vagina, pulmões, etc.
Infelizmente, não existe cura para essa doença. O tratamento é de suporte clínico e sintomático e procura-se reduzir o risco de alguma complicação, mantendo a qualidade de vida do paciente.
“A secura dos olhos pode ser tratada com colírios em gel, pomadas, sem conservantes (lágrima artificial), e que possui efeito mais prolongado. Existe também colírio anti-inflamatório que ajuda a controlar o processo inflamatório. Quanto ao tratamento da boca, existem gomas de mascar, pastilhas líquido-lubrificantes (saliva artificial), e pastas dentais que podem dar algum alívio aos sintomas”, pontua o médico.
Segundo ele, existe a possibilidade de tratamento sistêmico, com o uso de anti-inflamatórios hormonais e não hormonais, analgésicos que deverão ser escolhidos pelo médico, dependendo do padrão e características do paciente.
A deficiente de saliva pode ainda facilitar a proliferação de fungos e/ou bactérias, aumento de cáries, retração gengival e, por isso, os cuidados higiênicos também devem ser redobrados.