As causas para o aparecimento da doença podem ser inúmeras, desde a predisposição genética até a própria exposição a um ambiente estressor
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Camila Aparecida Peres Borges disse que é preciso desmistificar os preconceitos que ainda estão presentes na sociedade
A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comuns no mundo e acompanha a humanidade por toda a sua história. Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “Mal do Século”, a depressão é um distúrbio afetivo que afeta o emocional da pessoa, que passa a apresentar tristeza profunda, falta de apetite, de ânimo e perda de interesse generalizado. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. Por isso, é imprescindível o acompanhamento médico para o diagnóstico e tratamento adequado.
Tanto que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, existem mais de 11 milhões de brasileiros com depressão. Por isso, especialistas da área da saúde fazem um alerta e um chamado à sociedade.
“Hoje se debate mais sobre depressão. As pessoas têm mais acesso à informação, mas ainda existem muito preconceito e resistência na adesão e procura de um tratamento. Por isso, é preciso conscientizar muito as pessoas, para tentar desmistificar os preconceitos que ainda estão presentes na sociedade”, aponta Camila Aparecida Peres Borges, Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (PPGP-UFTM), Uberaba.
Ela destaca que as causas para o aparecimento da doença podem ser inúmeras e vão desde uma predisposição genética até a própria exposição a um ambiente estressor, o que na maioria das vezes nem sempre é relatado por quem vive a situação.
“Um diagnóstico só pode ser estabelecido através de uma escuta atenta e de uma percepção de sintomas que possam estar sendo negligenciados ou até mesmo não relatados pelo paciente”, explica a Camila. Redes sociais tornam contato pessoal cada vez mais raro
As redes sociais tornam os contatos pessoais cada vez mais raros. Para a Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (PPGP-UFTM), Camila Aparecida Peres Borges, essas ferramentas ocupam um espaço muito significativo na vida das pessoas, sendo necessário fazer uma análise sobre o que é real e necessário.
“Vivemos em uma sociedade imediatista, marcada pela valorização do social. Então, a depressão pode, sim, estar relacionada ao uso exagerado desses meios. Ao mesmo tempo, percebemos que o contato vivencial entre as pessoas está cada vez mais raro e que existe mais contato virtual. Isso é visto como reflexo negativo de interação social do ser”, aponta.
Ela lembra também sobre o estilo de vida apresentado em redes sociais. “A imagem de vida que é demonstrada e valorizada nesse meio, em que possuir as coisas significa realização, felicidade, traz muito do desejo imediato, da felicidade instantânea, e o fato de não conseguir ter acesso a essas coisas pode despertar a insatisfação e frustração, que é algo que se tem que trabalhar muito, porque a partir dela a depressão também pode aparecer”, aponta a Mestra.
Ela finaliza dizendo que é essencial entender que quem tem depressão precisa de ajuda e de orientação profissional. “O amor da família e dos amigos é importante, mas o primeiro passo precisa ser dado por quem está adoecido”.