O Brasil é o segundo país que mais fez cirurgias para tratar obesidade mórbida no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos
O Brasil é o segundo país que mais fez cirurgias para tratar obesidade mórbida no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com a experiência de décadas de cirurgias bariátricas, médicos descobriram que o procedimento pode ter efeitos ainda maiores, como a possibilidade de solucionar o diabetes tipo 2, problema que atinge milhares de pessoas. Só em Uberaba, o programa HiperDia, da Secretaria de Saúde, monitora hoje 29.603 pessoas, portadores de diabetes, hipertensão ou ambos. Quem explica sobre a novidade é o professor da Universidade Federal Fluminense e PhD em Cirurgia Geral Metabólica e da Obesidade, Cid Pitombo, que esteve em Uberaba para trocar experiências com a Universidade Federal do Triângulo Mineiro sobre as descobertas no tratamento cirúrgico do diabetes tipo 2. “Em 95, um médico americano começou a observar que os doentes obesos e diabéticos, depois que faziam uma cirurgia clássica de obesidade, perdiam peso, mas regrediam o diabetes muito antes da perda do peso. Então, começamos a especular sobre a relação da modificação do tubo digestivo com a resolução ou a cura do diabetes tipo 2”, conta. Pesquisadores acreditam que é no final do intestino que se encontra a solução. São células com substâncias que estimulam constantemente o pâncreas a produzir a insulina, como também a produzir novas células, substituindo as que apresentam problemas. A rapidez com que o alimento entra em contato com essas células é que garante o sucesso. “Existem modelos em obesos de 50 anos atrás em que até hoje essa substância produz efetivamente ação sobre o pâncreas”, revela o pesquisador. A atuação em um paciente magro até o momento seria similar, mas, atualmente, grupos — incluindo a UFTM — estão desenvolvendo pesquisas e modelos cirúrgicos experimentais semelhantes aos usados no paciente obeso, buscando um modelo específico para o tratamento do diabetes tipo 2 para quem não sofre de obesidade e não precisa necessariamente perder peso. De acordo com Pitombo, indiretamente, a cirurgia da obesidade é um laboratório de pesquisa, ajudando a estudar várias outras doenças. “O maior medo ainda é fazer cirurgias muito complexas em um paciente cuja doença está estabilizada”, alerta. O tratamento cirúrgico é bem visto pela maior parte das entidades, mas é necessário mais paciência. “Por isso, é fundamental que as pessoas não se precipitem em buscar cirurgiões que prometem a cura do diabetes através da cirurgia. A boa notícia é a de que estamos nos empenhando ao máximo para chegar a essa resolução o mais breve”, conclui o cirurgião.