A descoberta dos cientistas acendeu o alerta para a possibilidade de outros casos diagnosticados como chikungunya serem, na verdade, do vírus mayaro
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que outra arbovirose, com sintomas parecidos com os da febre chikungunya, circulou em Niterói, na região metropolitana do Rio, em 2016. A descoberta dos cientistas acendeu o alerta para a possibilidade de outros casos diagnosticados como chikungunya serem, na verdade, do vírus mayaro, que também pode ser transmitido pela picada de diversos mosquitos, vetores de doenças como dengue, zika e chikungunya e da febre amarela.
"É um estudo mais demorado de vigilância epidemiológica. Vamos ter que revisar esses diagnósticos e correr atrás desses pacientes que tiveram esses sintomas", disse Tanuri. "É um vírus pouco estudado. O que a gente tem de saber é se ele vai se adaptar às condições urbanas e começar a transmitir aqui dentro".
As três pessoas que contraíram o mayaro se recuperaram e estão bem, segundo o pesquisador, que conta ainda que elas não viajaram, o que indica que foram infectadas na região metropolitana do Rio.
O pesquisador lembrou que, desde 1956, o Brasil registrou menos de 300 casos isolados de mayaro. Com mais de 26 mil casos de chikungunya somente em 2019, o estado do Rio de Janeiro deve passar agora por uma investigação para verificar se o mayaro continua a circular neste ano.
O ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, destacou a importância de combater os focos do Aedes aegypti, que precisa de água parada para que suas larvas se desenvolvam.
"É um vírus selvagem, é primo do chikungunya. Enquanto o aedes estiver livre e solto no mundo, com as pessoas sem fazer prevenção e sem se atentar, ele já demonstrou que dá carona para uma série de vírus", disse ele. "No mais, é monitorar e alertar os médicos do quadro clínico e da maneira de conduzir essa doença (o mayaro)".
Mandetta lembrou ainda os esforços para desenvolver uma vacina para a dengue e para produzir uma prevenção biológica às arboviroses. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trabalha na utilização de uma bactéria que, ao infectar os mosquitos, impede que eles se tornem vetores das viroses.