Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP buscam uma nova opção para quem ronca: uma injeção que diminui o ruído causado pela passagem do ar...
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP buscam uma nova opção para quem ronca: uma injeção que, aplicada no céu da boca, diminui o ruído causado pela passagem do ar. É o que revela matéria divulgada pelo Jornal Folha de S. Paulo. O estudo, que deve ser concluído no ano que vem, avaliará o efeito da técnica em quase 50 pacientes — 18 já receberam a injeção. Os resultados iniciais são equivalentes aos obtidos com a radiofrequência, tratamento já disponível. Nesse caso, é um aparelho que, por meio do calor, “endurece” o palato mole (parte posterior do céu da boca). O problema dessa técnica é o custo do material de cada sessão, que é de R$ 900. Geralmente, são necessárias de três a cinco aplicações. Já o custo do material da injeção seria de cerca de R$ 25, de acordo com o otorrinolaringologista Michel Cahali, orientador da pesquisa. A injeção é aplicada em três pontos do palato mole, perto da úvula (a campainha). A dor, afirma Cahali, é similar à de uma anestesia. O procedimento endurece a região, mas isso não leva a alterações na voz ou na deglutição de alimentos. Segundo a otorrinolaringologista Fernanda Martinho, do Instituto do Sono da Unifesp, tanto a injeção quanto a radiofrequência geram uma lesão na submucosa, causando uma fibrose. “O tecido fica mais rígido, vibra menos e causa menos ronco. Além disso, essa lesão pode levar a uma abertura do espaço respiratório”, explica. Tratamentos. A injeção, assim como a radiofrequência, apenas alivia o ronco. Além disso, só tem resultado em casos mais leves, em que não há apnéia (pausa na respiração durante o sono), ressalta Cahali. Para os casos mais graves, as opções mais eficazes são as máscaras, os aparelhos intra-orais e as cirurgias. Travesseiros, fisioterapia e acupuntura não são um tratamento efetivo. O emagrecimento só tem efeito sobre o ronco se a perda de peso é drástica (de aproximadamente 20% do total) em obesos. O tratamento não busca só a tranquilidade de quem dorme ao lado de quem tem o problema. O ronco indica dificuldade para respirar e é o primeiro passo para a apnéia, que sobrecarrega coração e pulmão. O distúrbio ocorre devido à falta de tônus na musculatura da garganta. Essa flacidez, ligada a componentes genéticos, é mais comum nos homens, obesos e idosos. Quem usa remédios que alteram o tônus, como relaxante muscular e antidepressivo, é mais vulnerável ao ronco. O álcool também leva a um relaxamento muscular. Segundo Martinho, pessoas que roncam pelo menos quatro vezes por semana devem procurar orientação médica.