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Délcio Scandiuzzi lembra que as pesquisas são intensas e contínuas
“É algo esplêndido nascermos de uma única célula, que se desenvolve, tornando-se capaz de sorrir, chorar, andar, se multiplicar em dez trilhões e viver em harmonia”. Essa é a maneira peculiar que o médico oncologista e presidente do Hospital Dr. Hélio Angotti, Délcio Scandiuzzi, apaixonado pela profissão, percebe o acontecimento da vida. São 45 anos no exercício da profissão e 35 de Hélio Angotti.
De acordo com o médico, o câncer é uma doença da célula, que adquire mutações, com alterações da estrutura genética – DNA. As células saudáveis têm seu processo de desenvolvimento natural e, quando acontecem as mutações, pode haver um crescimento desordenado, produzindo os tumores. Existem três maneiras de prevenção do câncer, sendo a primária a eliminação da causa, como, por exemplo, a abolição do cigarro, responsável por 30% dos tumores. A secundária se faz através do diagnóstico precoce e de exames, como mamografia e de próstata. Na fase terciária, é a tentativa de impedir o retorno do câncer para aqueles que já tiveram a doença.
O câncer, no Brasil e no mundo, é tratado em unidades especializadas, em sua maioria de alto custo, e o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece alguns desses medicamentos. Muitos avanços têm sido conquistados no tratamento do câncer, como os imunoterápicos, indicados para tipos específicos de câncer. De acordo com Délcio Scandiuzzi, o corpo não estranha a célula maligna e, assim, por sua vez, atinge a célula de defesa. Com excelentes resultados, os medicamentos imunoterápicos provocam o desbloqueio, destruindo somente as células cancerígenas.
As pesquisas nesse campo são intensas e contínuas, mas nem sempre esses conhecimentos se traduzem em atividades clínicas, conforme explica o presidente do hospital. A medicina translacional é grande aliada na busca de soluções específicas para aplicação prática do conhecimento adquirido, transformando a pesquisa em práticas clínicas. Um exame ainda pouco utilizado no Brasil e de altíssimo custo é a biópsia líquida, uma forma de exame pouco invasivo, que permite analisar as características do tumor e, com isso, proporcionar tratamentos específicos. Isso é o que chamamos de medicina de precisão.
Segundo o médico, o Hospital Dr. Hélio Angotti atua no planejamento estratégico para adequar as novas diretrizes no tratamento do câncer, desenvolvendo áreas de pesquisas com outras instituições, a fim de levar conhecimento a todos que dele necessitam. Para ele, é preciso empenho conjunto de todas as esferas governamentais para tratar a questão como prioridade, por ser um grande problema de saúde pública mundial. Esforços concentrados com ações de políticas públicas eficientes podem fazer frente ao desafio do combate ao câncer e proporcionar um futuro com melhor qualidade de vida para toda a sociedade.