A existência de quatro tipos de transtornos e formas amenas que não são caracterizadas como distúrbio passam despercebidas, afetando até 8% da população
Mais da metade dos portadores de transtorno bipolar, cerca de 57,3%, não recebem tratamento, segundo estudo mundial que avaliou mais de 61 mil pessoas acima de 18 anos, em 11 países. A doença atinge 2,4% da população mundial. No Brasil, apenas 42,7% das mais de 5 mil pessoas avaliadas estavam sendo tratadas. Marcado por oscilações de humor entre depressão e euforia, o transtorno bipolar pode causar irritabilidade, agressividade e ideias suicidas.
Segundo o departamento de Epidemiologia do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), responsável pela pesquisa no Brasil, muitas pessoas não são diagnosticadas e, por ser grave, a doença acarreta perda de
qualidade de vida e incapacitação. “Não é qualquer mudança de humor ou pequenas manias, que todos nós temos, mas é aquela pessoa que se sente o todo poderoso, episódios que duram no mínimo uma semana”, afirma o psiquiatra Daniel Jacomo Mauad.
Para o especialista, a dificuldade no diagnóstico pode estar na existência de quatro tipos de transtornos e formas amenas que não são caracterizadas como transtorno e passam despercebidas, afetando até 8% da população. “Essas pessoas passam por diversos tratamentos antidepressivos e não melhoram, pelo contrário”, ressalta o psiquiatra.
Ainda segundo a pesquisa da USP, 10% dos casos detectados são graves e geralmente quadros crônicos, que começam ainda cedo, causando prejuízos no desenvolvimento pessoal, educacional e profissional.
Apesar de não se falar em cura, é possível controlar a doença, através de medicamentos que permitem ao indivíduo uma vida mais próxima do normal. O importante é que o portador de transtorno bipolar seja tratado por toda a vida com estabilizadores de humor, e não só nos surtos de depressão ou euforia.
De acordo com o psiquiatra, há ainda tratamentos alternativos, como as psicoterapias, que implicam na mudança de hábitos e no estilo de vida. “Ajudam a pessoa a aceitar sua condição e a lidar com as fases da doença. É essencial, porém, que o paciente tenha sono regular e saudável, evite o uso de bebidas alcoólicas ou drogas e mantenha uma alimentação balanceada”, frisa Mauad.