Infartos no inverno aumentam em 30% (Foto/Arquivo JM)
Eventos cardiovasculares, como o infarto, podem apresentar um aumento de até 30% durante o inverno, de acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Harvard nos Estados Unidos. A cardiologista uberabense Pâmela Assunção reforça que o estudo abrange 27 países, incluindo o Brasil, e mostra que, durante períodos de temperaturas extremas, ou seja, muito frio ou muito calor, é perceptível o aumento de infartos e outras doenças cardíacas.
O estudo foi publicado pela renomada revista Circulation, em janeiro deste ano. Observou-se que, quando a temperatura atinge níveis muito baixos em comparação ao que é considerado habitual naquela região, há um aumento de 30% nos eventos cardiovasculares. "Portanto, eles atribuíram que, para cada 1.000 eventos, nove seriam devido ao frio extremo. Isso é de extrema importância, porque, até então, o clima não era considerado um fator de risco tão relevante, e devemos lembrar que o aquecimento global tem afetado as condições climáticas. Portanto, precisamos prestar muita atenção a isso", ressalta a especialista.
No entanto, Pâmela Assunção enfatiza que essas doenças só se manifestam no momento, sendo causadas pela mudança do ambiente, mas já estão sendo "plantadas" no paciente há mais tempo.
"É uma condição que não podemos controlar. E, é claro, manter-se aquecido desempenha um papel importante, mas o que costumo dizer aos pacientes é que as doenças cardíacas não surgem no inverno. As pessoas mais afetadas por eventos cardíacos durante o inverno são aquelas que, por assim dizer, cultivaram a doença ao longo dos anos. Portanto, a doença aterosclerótica do coração, que é a formação de placas de gordura nas artérias coronárias, é um processo que dura anos", explica a médica.
Alguns fatores de risco para doenças cardiovasculares que podem ser mencionados são hipertensão, obesidade, sobrepeso, sedentarismo, diabetes e colesterol alto. "Às vezes, há uma ampla gama de coisas que precisamos modificar, e elas devem ser corrigidas assim que surgirem. Portanto, a monitorização da saúde deve começar precocemente. Infelizmente, no Brasil, ainda vivemos uma realidade em que tratamos os doentes em vez de praticarmos uma medicina preventiva. A prevenção deve começar o mais cedo possível", conclui.