Número crescente de pessoas com doenças que impedem a doação é um dos principais fatores responsáveis por essa redução
O número de doações de órgãos em Uberaba nos primeiros três meses deste ano caiu em relação ao mesmo período do ano passado. Esta é a conclusão a que chegou o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital de Clínicas da UFTM (CID-DOTT/HC-UFTM), Ilídio Antunes de Oliveira Júnior. A informação surge quando o Ministério da Saúde comemora aumento de 14% nas doações realizadas em 2010, em relação a 2009.
E no período de janeiro a junho de 2009, em busca feita com 259 possíveis doadores, foram realizadas 50 entrevistas, mas apenas 34 órgãos e tecidos foram captados e transplantados em Uberaba, revelando queda de 50% em relação a 2008. Em entrevista ao programa Linha Aberta, na Rádio JM, o coordenador exemplificou essa queda mostrando que as doações de córneas que acontecem na Unidade de Captação de Córneas, localizada em Conceição das Alagoas, são mais numerosas que as verificadas em Uberaba.
Segundo o médico, de uma média de 10 a 12 óbitos por mês em apenas seis houve doações de órgãos. “Esta é uma realidade melhor do que a verificada no Hospital de Clínicas em Uberaba. Em 15 anos de serviço, esta é a primeira vez que fico alarmado com o resultado desse trimestre”, destaca Ilídio Antunes.
Apesar de notar que as pessoas têm negado algumas doações, o médico se refere a outros três fatores como principais causas para a redução nas doações. “Em alguns casos, há uma dificuldade importante de encontrar familiares que permitam a doação, além de um número crescente de pessoas com problemas que impedem a doação. Hoje, as doenças que contraindicam uma doação são as infectocontagiosas, como HIV positivo e hepatite B e C, além de câncer e infecções generalizadas, que chegam a 33% dos casos em Uberaba, o que significa descartar quatro entre dez pacientes com possibilidade de doação”, afirma o especialista. Hoje, a Comissão chega a quase 60% de doações de múltiplos órgãos e 40% de tecidos oculares.
Embora o governo federal tenha investido mais
R$ 1,1 bilhão para aumentar o número de doações no país, ainda existem 70 mil pessoas aguardando na fila nacional de transplantes. Para Ilídio Antunes, uma das soluções seria mais unidades hospitalares e médicos envolvidos com a causa e voltados para a identificação de possíveis doadores no município.