Queixa muito frequente nos consultórios médicos, o refluxo gastroesofágico afeta 12% dos brasileiros...
Queixa muito frequente nos consultórios médicos, o refluxo gastroesofágico afeta 12% dos brasileiros, segundo pesquisa do Datafolha. Nos Estados Unidos, a incidência da doença é de 20% da população. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Alexandre Sakano, em alguns casos, o refluxo gastroesofágico pode evoluir para esofagite (inflamação da mucosa do esôfago), que leva à predisposição do paciente ao câncer de esôfago, nos casos mais avançados. Cerca de 10% dos pacientes com refluxo gastroesofágico têm a presença de esofagite grave. Desses 10%, aproximadamente 3% têm chance de desenvolver câncer de esôfago. Assim, 0,3% dos pacientes com refluxo gastroesofágico têm risco de desenvolver câncer. A doença atinge 2,5 vezes mais os homens do que as mulheres e a faixa etária de maior incidência é a população acima de 40 anos, embora adolescentes e adultos jovens também possam manifestá-la. O refluxo gastroesofágico caracteriza-se pelo retorno para o esôfago do ácido que existe no estômago para a digestão dos alimentos. A rigor, esse ácido não deveria voltar, mas quando há perda de força no músculo que mantém o estômago fechado, ocorre o refluxo. O “afrouxamento” desse músculo pode ocorrer por predisposição genética, obesidade, hábitos alimentares inadequados, como ingestão de grandes quantidades de alimentos, a ação de comer excessivamente e logo se deitar, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, cafeína e cigarro. Queimação na região conhecida popularmente como “boca do estômago” e regurgitação dos alimentos são os principais sintomas. Nos casos mais avançados de esofagite grave, o paciente tem dificuldade e/ou dor para engolir e sangramento pela boca. “O refluxo gastroesofágico pode causar, ainda, dor no peito, que é confundida com os sintomas do infarto do miocárdio, tanto que muitas pessoas com este problema procuram os prontos-socorros, achando que estão sofrendo um infarto”, relata o especialista. Para diferenciar, são realizados exames que afastam a possibilidade de infarto. O refluxo gastroesofágico pode provocar, ainda, sintomas extraesofágicos, como ronco, pigarro, tosse crônica e, até mesmo, asma. O diagnóstico do refluxo gastroesofágico é feito por meio da endoscopia e, em alguns casos, é realizado um exame denominado pHmetria. Segundo o cirurgião do aparelho digestivo, a melhor forma de prevenir a doença é manter hábitos saudáveis de alimentação, controlar o peso e evitar o abuso de álcool, cigarro e cafeína. O uso de travesseiros elevados com formatos especiais diminui o retorno do ácido do estômago para o esôfago, evitando o risco de engasgamento. Já o tratamento inclui medicamentos que controlam a secreção do ácido, fator principal associado aos sintomas da doença, e mudança de hábitos alimentares.