Por se tratar de doença autoimune e por apresentar fator hereditário, a artrite reumatóide – que acomete cerca de 1,5 milhão de brasileiros – representa grande preocupação. Afinal, quando e como saber se aquela dorzinha na articulação representa sinal de alerta? O reumatologista Marcelo Pinheiro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) lembra que a persistência, por um período de mais de quatro semanas, de sintomas como dor e inchaço nas articulações – especialmente nas mãos e nos pés –, além de rigidez nas mesmas pela manhã, devem ser considerados sinais de alerta. “No caso das crianças, a dor e o inchaço podem aparecer, inclusive, em apenas um dos membros. O ideal é manter a atenção aos sintomas e, em caso de dúvida, procurar imediatamente um reumatologista, que fará a avaliação. O diagnóstico correto na fase inicial da doença, aliado a um tratamento adequado, aumenta consideravelmente as chances de remissão da doença”, explica o especialista. Além de exames específicos – como dosagem do fator reumatóide, radiografias, verificação da velocidade de sedimentação e dosagem da proteína C-reativa –, a avaliação inclui exame físico completo por parte do reumatologista, a fim de identificar pontos que diferenciem a artrite das demais doenças reumáticas. Uma boa dica do especialista é atentar aos fatores desencadeantes da doença, principalmente no caso das crianças e adolescentes, vinculados à associação familiar (já que pessoas com histórico genético da doença estão mais pré-dispostas a desenvolvê-la) e ao sedentarismo, um dos grandes mitos da artrite. “O sedentarismo é prejudicial e, ao contrário do que se pensava, fazer exercícios ajuda muito na manutenção das funções articulares”, acrescenta. Perda de peso, fadiga e anemia associada a febre elevada – essa última manifestação, particularmente comum na artrite reumatóide juvenil, como é chamada quando ocorre a partir da segunda infância – são outros sinais a serem observados. Tratamento. Estudos revelam que a administração de um tratamento eficaz a partir de um diagnóstico na fase inicial da doença pode aumentar significativamente as chances de remissão da doença. Um bom exemplo vem com os resultados do Comet (COmbinação de Metotrexato e ETanercepte em Artrite Reumatóide Inicial Ativa); neste estudo, com a terapia conjugada, metade dos portadores de artrite reumatóide inicial moderada a severa alcançou remissão clínica. Além disso, quase nenhum dos pacientes apresentou progressão dos danos articulares.