Saúde bucal garante bem mais que um belo sorriso

A boca é uma das principais portas de entrada para o organismo. É por ela que sustentamos o corpo através da ingestão de alimentos e é dela, também, que depende a integridade do organismo. Pode parecer estranho, a princípio, que haja alguma relação entre a saúde bucal e diabetes. Mas estudo realizado por equipe em parceria entre Universidade Federal do Triângulo Mineiro e Uniube mostra que os cuidados com a saúde bucal vão além da busca por um sorriso bonito. Doença que atinge grande parte da população, muitas vezes sem seu conhecimento, e que, se não tratada, pode levar à perda de dentes, a periodontite é o foco do estudo do especialista Gustavo Fatureto Escobar. “É uma doença inflamatória, geralmente crônica, causada por bactérias que levam à perda dos tecidos que suportam e protegem os dentes, que são a gengiva, as fibras periodontais e o osso. Como consequência, observamos o surgimento das recessões ou retrações gengivais, o sangramento, o mau-hálito, a mobilidade dental e a presença de pus”, explica. Segundo Escobar, estudos mostram que há uma forte relação entre esta infecção e outras doenças, como o diabetes, as doenças cardiovasculares e respiratórias, e complicações na gestação, como nascimento de bebês prematuros e com baixo peso. “Se uma pessoa tem periodontite e diabetes, qualquer infecção dificulta o controle da doença. Ele pode fazer o controle através de uma dieta de alimentos, mas, se tiver uma infecção, o nível de glicose sobe. Além disso, quando a pessoa é diabética, existe a chance de ter uma periodontite mais grave, com difícil controle. Portanto, é uma interação de causa e efeito”. Essas interações entre a periodontite e as repercussões na saúde foi um dos temas apresentados em recente congresso da Federação Europeia de Periodontologia - Europério 6, em Estocolmo, na Suécia. “Mostramos que, ao contrair uma infecção, todo o sistema imunológico entra em alerta para a defesa. Sabemos que muitos problemas de coração ou lesões em artérias são causados por inflamações. Se uma pessoa tem uma inflamação, existe maior acúmulo de colesterol nas artérias”, revela Gustavo. Quando em estágio grave, a periodontite avança pela gengiva e pelo osso, levando à perda de dentes, sendo necessários os enxertos ósseos para o implante de novos dentes. “Existem enxertos de osso de boi, sintéticos, e há alguns anos foram descobertas proteínas de matriz de esmalte, em forma de gel, que induzem à formação de novo osso. Juntamente com o enxerto sintético, esse gel atua na regeneração dos tecidos perdidos, proporcionando o ganho de mais osso. Em termos de durabilidade no tratamento, também apresenta resultados positivos”, completa o especialista. Segundo Escobar, este recurso é acessível e diminui a necessidade de que o paciente precise doar osso de outras partes do corpo, evitando enfermidades, onde o pós-operatório pode gerar mais sofrimento.