Proposta da programação, realizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde, é debater desafios e estratégias para as ações de vigilância
Foto/divulgação SES
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) iniciou, ontem (18), em Belo Horizonte, o Seminário Estadual sobre Arboviroses. O evento, que segue até a próxima quinta-feira (20), tem como objetivo traçar uma retrospectiva sobre os casos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela nos últimos anos, além de discutir possíveis cenários futuros e desafios que impactam nas ações de vigilância em todo o estado.
Participam do evento gestores e técnicos dos 101 municípios-sede de microrregiões de saúde, das Regionais de Saúde do estado e equipe de transição, além de representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministério da Saúde.
Durante a programação, estão sendo discutidos temas relacionados ao enfrentamento das arboviroses, como controle vetorial do aedes, desafios da assistência aos pacientes, organização dos serviços de saúde e pesquisas sobre febre amarela.
Na abertura do evento, o secretário-adjunto da SES-MG, Daniel Medrado, destacou a importância da mobilização social no controle das arboviroses.
“O estado enfrentou a febre amarela colocando suas equipes à disposição, elevando as coberturas vacinais para 92%. E a mobilização social é fundamental nesse processo. Afinal, só conseguiremos seguir no controle das arboviroses se tivermos uma interação com a sociedade”, afirmou.
Na sequência, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Rodrigo Said, falou sobre a importância de um trabalho conjunto entre Estado e municípios para o enfrentamento das arboviroses.
“O debate e a troca de conhecimentos são fundamentais para os desafios que temos pela frente, incluindo como parceiros os municípios, Fiocruz e Ministério da Saúde. Sabemos que é preciso estar em alerta para o crescimento do número de casos das arboviroses, especialmente a partir de agora, após o período de chuvas. Em relação à febre amarela, a circulação de pessoas devido ao Natal e réveillon também deve ser observada com atenção”, explicou.
O presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-MG), Eduardo Luiz da Silva, também destacou a necessidade de envolvimento da população no enfrentamento ao Aedes aegypti.
“Precisamos criar novas estratégias de enfrentamento ao Aedes, para que a população assuma a responsabilidade para cuidar da própria saúde. Se cada um fizer a sua parte no controle dos focos, por exemplo, teremos um grande avanço no enfrentamento da dengue, zika e chikungunya”, disse.
Discussões
Entre os assuntos abordados no primeiro dia do seminário esteve o avanço da dengue, incluindo reflexões sobre o perfil de comportamento do vírus ao longo do tempo.
Conforme esclarecido pela referência do Programa Nacional de Controle e Prevenção das Doenças Transmitidas pelo Aedes do Ministério da Saúde, Sulamita Brandão, os primeiros relatos de epidemias da doença no país são de 1846, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
“Ainda que tenhamos relatos de 1846, somente entre 1981 e 1982 é que a primeira epidemia de dengue foi confirmada laboratorialmente, em Boa Vista, Roraima”, explicou.
Em relação à circulação do vírus da dengue em Minas Gerais, observa-se, de 2011 a 2018, registros dos quatro sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4), com prevalência do sorotipo DENV 1. Em 2018, entretanto, pela primeira vez foi registrada a prevalência do sorotipo DENV 2, o que pode levar a um aumento no número de casos, já que a população está mais suscetível a ele.
Para a superintendente de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-MG, Rejane Letro, a circulação do sorotipo DENV 2 pode ser motivo de alerta. “É fundamental que os serviços de saúde se preparem, afinal, sabemos que o sorotipo 2 causa uma maior manifestação em crianças”, afirmou.