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Ortopedista, Especialista em Medicina Esportiva e Regeneração Tecidual • Diretor do Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (IMOR) www.institutomor.com.br
As células-tronco adultas ou somáticas detêm grande promessa para a reparação e regeneração de tecidos. Atualmente, o interesse dos cientistas é contínuo na investigação da biologia de células-tronco mesenquimais, tanto em aspectos básicos quanto no potencial de aplicações terapêuticas.
Por definição, as células-tronco se caracterizam por ser indiferenciadas ou não especializadas e por ter a capacidade de gerar não apenas novas células-tronco, mas também, sob certas condições fisiológicas e experimentais, células especializadas com diferentes funções.
Quanto ao potencial de diferenciação, as células-tronco se classificam em cinco categorias básicas: (1) totipotentes, capazes de se diferenciarem em todos os tecidos que formam o corpo humano, incluindo a placenta e membranas embrionárias; (2) pluripotentes, presentes na massa celular interna do embrião recém-formado e capazes de se diferenciar em células dos três folhetos germinativos humanos (ectoderma, mesoderma e endoderma); (3) multipotentes, que se diferenciam em vários tipos de células de um mesmo folheto embrionário; (4) oligopotentes, que se diferenciam em poucas células de um mesmo folheto embrionário e (5) unipotentes, que se diferenciam em um único tipo de célula de um mesmo folheto embrionário.
A diferença básica quanto à natureza das células-tronco está na existência de células-tronco embrionárias (totipotentes ou pluripotentes) e células precursoras do organismo já desenvolvido, chamadas células-tronco adultas ou somáticas.
As células-tronco adultas têm sido isoladas e caracterizadas em diferentes tecidos do corpo, como medula óssea, cordão umbilical, encéfalo, epitélio, polpa de dente e, mais recentemente, tecido adiposo. Apesar de possuírem uma capacidade limitada de diferenciação, essas células são responsáveis por manter a integridade dos tecidos, pois repõem células que foram perdidas na maturação, no envelhecimento ou após uma lesão. Por esse motivo, representam grande promessa para uso em protocolos de reparação e regeneração tecidual.
Em humanos adultos, o tecido adiposo branco está presente em diversas regiões do organismo, como nas camadas mais profundas da pele e envolvendo alguns órgãos internos. Além dos adipócitos (células de gordura), esse tecido contém uma matriz de tecido conjuntivo, tecido nervoso, células vasculares, nódulos linfáticos, células do sistema imunológico, fibroblastos e células-tronco. Nos últimos anos, tem-se observado que o tecido adiposo não é apenas um fornecedor e armazenador de energia, mas um órgão dinâmico, produtor de hormônios, que está envolvido em uma variedade de processos fisiológicos e fisiopatológicos.
O tecido adiposo representa fonte abundante de células para transplantes autólogos (quando o paciente recebe células do seu próprio organismo) e é facilmente obtido por lipoaspiração, que é um método mais barato e menos invasivo do que a punção da medula óssea. Além disso, as células-tronco originadas do tecido adiposo apresentam potencial para se diferenciarem em tecidos como cartilagem, osso, músculo esquelético, fígado, células pancreáticas endócrinas, neurônios e células vasculares.
Trata-se de uma linha de pesquisa relativamente nova, que ainda necessita de desenvolvimento de metodologias e procedimentos eficazes para isolamento dessas células em quantidade e qualidade suficientes para aplicação terapêutica, mas que, com certeza, marca o início de descobertas que poderão ampliar ainda mais as possibilidades de aplicação da Medicina Regenerativa.
Referências
Yarak S; Okamoto OK. Células-tronco derivadas de tecido adiposo human desafios atuais e perspectivas clínicas. An Bras Dermatol. 2010;85(5):647-56.
Kern S, Eichler H, Stoeve J, et al. Comparative analysis of mesenchymal stem cells from bone marrow, umbilical cord blood, or adipose tissue. Stem Cells. 2006;24:1294-301.