Em busca feita com 259 possíveis doadores no período de 1° de janeiro a 30 de junho...
Em busca feita com 259 possíveis doadores no período de 1° de janeiro a 30 de junho deste ano, foram realizadas 50 entrevistas, mas apenas 25 órgãos e tecidos foram captados e transplantados, em Uberaba. Os dados foram divulgados ontem pelo coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital das Clínicas da UFTM, Ilídio Antunes de Oliveira Júnior. Ele revelou também que de três mortes cerebrais confirmadas, quadro que possibilita a doação de vários órgãos, apenas uma teve a doação autorizada. Já os números de córneas captadas e voluntários que, se submeteram à coleta de sangue para formar o cadastro de doadores de medula óssea, são mais animadores. “Quanto à doação de múltiplos órgãos, houve um fato que chamou a atenção de forma negativa. No primeiro semestre do ano passado, a córnea teve o mesmo desempenho deste an 32 captações. Tivemos cinco mortes cerebrais confirmadas e cinco doações. Foram 100% de doações. Já, neste semestre, tivemos 33%. Portanto, houve queda de 50%, o que corresponde à regional oeste, que compreende o Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro”, explica. De acordo com ele, ao se comparar os dois períodos, em relação à doação de múltiplos órgãos, que são rins, fígado, pâncreas, e até esclera, que é o líquido branco do globo ocular, essa queda envolve uma série de fatores. Entre eles, o coordenador destaca as notificações. “A falta de notificação, por parte das outras cidades, é um deles. Na verdade, quem sustenta o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba, em termos de captação para doação de órgãos, é Uberaba e Uberlândia. E, em Uberlândia, apesar de ter o dobro do número de habitantes e um hospital que tem 500 leitos, não se tem a atenção e o envolvimento por parte da própria classe médica como temos aqui, onde temos 300 leitos”. Antunes informa que outra dificuldade está nos casos de pacientes que são possíveis doadores, mas a estrutura precária dos hospitais impede uma avaliação segura da evolução clínica, não permitindo que se faça doação de múltiplos órgãos. De acordo com o coordenador, essa é uma questão problemática no Brasil. “Muitos morrem nos hospitais da rede privada e também da rede pública de outras cidades, e ninguém fica sabendo que poderiam ser doadores. Por isso, é importante buscar ter consciência”. Para Antunes, doar órgãos é questão de coração, solidariedade e amor, que depende do interesse de cada um. “Entre as doações autorizadas, a principal dificuldade para concretizar o ato, está depositada na contra-indicação médica. Mas, também, temos outros que são as famílias ausentes. Tivemos 38 casos como este, neste semestre. Não conseguimos localizar a família”. Outro impedimento notório é estar fora da faixa etária. “Paciente para doar córnea tem que ter de 2 a 80 anos. No entanto, tem pacientes que estão com 82, por exemplo, e não podem doar. Às vezes tem doadores de múltiplos órgãos, que tem 60 anos, e não dá para avaliar”, explica. “Ainda não temos condições para fazer esta avaliação, mas pode ser que futuramente melhore essa situação”, completa. A opção por ser não-doador, em vida, também chamou a atenção do coordenador. “É muito baixa. De 260 possíveis doadores, apenas sete escolheram não doar. Isso melhorou muito. Antes, tínhamos muita negativa por motivos religiosos, hoje só dois, ou por falta de conscientização dos familiares”.