A Liga de Psiquiatria da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) promove, hoje e amanhã, a 5ª Jornada de Psiquiatria da instituição...
A Liga de Psiquiatria da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) promove, hoje e amanhã, a 5ª Jornada de Psiquiatria da instituição. Sob a coordenação do médico Luís Carlos Calil, o evento reúne em Uberaba profissionais renomados no cenário nacional da psiquiatria, que irão discutir com a comunidade acadêmica e com profissionais da área da saúde sobre diversos temas atuais. Um dos interessantes debates que entram em pauta no evento é a relação entre maconha e esquizofrenia, doença mental que atinge 1% da população mundial. O palestrante Antônio Waldo Zuardi, professor doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), concedeu entrevista ao Jornal da Manhã. Ele irá falar sobre o tema esta noite. Segundo o especialista, os estudos ainda não comprovaram totalmente a ligação entre o uso da droga e a doença mental. Todavia, ele explica que existem algumas evidências experimentais que sugerem uma maior probabilidade de desenvolver esquizofrenia para os indivíduos que fizeram uso frequente da maconha. “Entretanto, é preciso salientar que, embora a probabilidade seja maior em relação aos que não fazem uso da droga, a porcentagem de indivíduos que usam a droga e desenvolvem esquizofrenia é pequena”, afirma o psiquiatra. Segundo Zuardi, algumas condições facilitam essa associação, como a predisposição genética e, principalmente, o período de uso intenso da droga. “Existem resultados experimentais bem consistentes indicando que o uso frequente da droga na adolescência é um fator que aumenta o risco”, afirma. Um dos estudos que apontaram essa relação foi divulgado em 2007 pela Clínica Universitária Psiquiátrica de Zurique, que realizou a pesquisa durante 30 anos. Pelo levantamento, ficou comprovado que o consumo de cannabis, planta da qual se produz a maconha, pode favorecer o aparecimento de sintomas de esquizofrenia e outros tipos de psicoses. De acordo com o especialista da FMRP-USP, uma das dificuldades das pesquisas é o uso concomitante de várias drogas, o que acontece com a maioria das pessoas viciadas. “Isso torna problemático o estabelecimento de relação com uma droga específica, no caso a maconha. Ainda assim, é conhecida a relação de drogas como os estimulantes e a cocaína com manifestações psiquiátricas”, afirma o médico. Zuardi lembra que, hoje, existem medicamentos que permitem um controle bastante satisfatório dos sintomas da esquizofrenia.