A imprensa em Uberaba e em toda a região (futuro Estado) do Triângulo surgiu com o jornal O Paranaíba, em 1874, fundado pelo médico, advogado, educador, político e escritor francês Henrique Raimundo des Genettes, radicado em Uberaba desde 1853, onde exerceu inúmeras atividades, culminadas; na política, com a vereança e a administração municipal como agente executivo (prefeito); na ciência, com pesquisas e ensaios sobre meteorologia e geologia, e na literatura, com o romance O Inconfidente e as peças teatrais O Filho Pródigo, O Estalajadeiro e Alfredo, O Enjeitado.
A partir daí, o desenvolvimento da imprensa local foi vertiginoso, atingindo até o final do século nada menos do que 71 (setenta e um) jornais e periódicos editados, não obstante inúmeros deles de efêmera duração.
Já até o final de 1933, segundo Hildebrando Pontes na História de Uberaba (p. 405), esse número alcançou 191 (cento e noventa e um) títulos.
Por sua vez, até outubro de 1953, a cidade teve 234 (duzentos e trinta e quatro) jornais e periódicos, inclusive um manuscrito, O Suspiro (de 1856, não relacionado por Pontes), consoante o historiador Gabriel Toti no Álbum de Uberaba, de 1956.
No entanto, embora significativas, apenas listagens não bastaram a Hildebrando Pontes.
Desde a juventude editor de periódico estudantil (a Revista Agrícola, no legendário Instituto Zootécnico de Uberaba), e colaborador assíduo da impressa no decorrer da existência, Hildebrando familiarizou-se notavelmente com as lides jornalísticas, a quem deu, com razão, supina importância, a ponto de promover no transcurso da também lendária Exposição de Zebu de 1911, por sinal ideada e impulsionada por ele, exposição de sua coleção de jornais e periódicos até então editados em Uberaba.
De posse desse acervo e de seu conhecimento, Hildebrando elaborou a história da imprensa de Uberaba, efetivando-a com a sistematização e a minuciosidade de sempre.
Daí resultou o ensaio A Imprensa de Uberaba, publicado em série no Correio Católico de 11/04/1931 a 02/01/1932, conforme o localizou o chefe do Departamento de Pesquisas do Arquivo Público de Uberaba, João Eurípedes Araújo.
Nesse ensaio histórico, Hildebrando, após breve introdução, descreveu, um por um, os 186 (cento e oitenta e seis) jornais e periódicos até então editados na cidade, desde O Paranaíba (de 01/10/1874) à Vida Escolar (de 28/03/1932), órgão dos alunos da Escola Normal numa época em que a juventude estudantil ainda se preocupava e se ocupava com assuntos culturais.
De cada um desses jornais e periódicos, Hildebrando focalizou e informou data de fundação, proprietários, diretores, colaboradores, tipografia em que foi impresso, formato, duração, e, de muitos deles, também a orientação ou diretiva editorial, desde as grandes folhas, como Gazeta de Uberaba, Lavoura e Comércio e Correio Católico até jornais que tiveram apenas uma edição.
Tem-se, assim, disponível no blog do Arquivo Público de Uberaba preciosa e analítica história da imprensa uberabense, porém, só até 1932, o que demanda e desafia seja prosseguida e atualizada no que se refere aos jornais, visto que os periódicos culturais e de variedades, físicos e eletrônicos, já constam do livro Periódicos Culturais de Uberaba, editado em 2015.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)