ARTICULISTAS

A poética de vanguarda de Jorge Nabut

Guido Bilharinho
Publicado em 08/03/2024 às 20:16
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Vanguarda artística, como já disse alhures e assim deve ser entendida (A Poesia em Uberaba: Do Modernismo à Vanguarda, p. 232), constitui-se do difícil e, por isso, poucas vezes encontrável, exercício de liberdade, criatividade e inventividade do artista, de sua autonomia de concepção, de livre articulação mental e execução de procedimentos não enquadráveis e não subordináveis a fórmulas e cânones estabelecidos e reiterativa e mecanicamente repetidos.

Por volta de 1969, em Uberaba, Jorge Alberto Nabut elabora o poema Well-Gin x Ultra-M-Atic, demonstrando simultaneamente poder de criatividade/inventividade aliado à utilização e síntese de vários elementos composicionais, incluídos, entre outros, a história local (“Almanaque-Gazeta” e “historiador Kreponz”) e estórias em quadrinhos, neste caso o próprio fio condutor da obra.

Além dele, Nabut escreve diversos outros textos, distendendo no tempo e no espaço criativos sua faculdade conceptiva libertária e inventiva, aduzindo à poética – aqui tomada em seu âmbito universal e não apenas nacional ou local – modos procedimentais inéditos e distintos de experiências e experimentos de outros artistas, nacionais ou estrangeiros, constituindo criação e contribuição próprias para ampliação do fazer artístico.

Não por outra razão o poema Well Gin x Ultra-M-Atic obteve o primeiro lugar em concurso nacional promovido em Divinópolis/MG, cuja comissão julgadora compôs-se de Afonso Ávila, Adão Ventura, Laís Correia de Araújo, Sebastião Nunes e Emílio Moura.

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Por ocasião dos 40 (quarenta) anos desses feitos memoráveis (elaboração e premiação) promoveu-se edição do poema, tornando a pôr o texto em circulação, de onde, aliás, nunca deveria ter saído, cumprindo aos cursos de letras, periódicos culturais e às diversas antologias que vez por outra são editadas mantê-lo, a ele e aos demais poemas, em permanente exposição.

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Essas obras e outras que se praticaram e se praticam em Uberaba desde os fins da década de 1960 colocam a cidade como um dos centros poéticos mais qualificados entre possíveis outros em qualquer tempo e quadrante, bastando compulsar a antologia-ensaio acima mencionada para se verificar a assertiva e constatar a existência desse pugilo de escritores que um dia terá o reconhecimento e a divulgação que merece, quando espanadas as nuvens do provincianismo e obnubilação mental dos integrantes dos núcleos intelectuais do eixo Rio−São Paulo e sua subordinação passiva e pedante ao que vem do exterior.

 Guido Bilharinho

Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)

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