Nos dias de hoje – e cada vez mais no futuro – não se justifica a existência de pequenos aeroportos em cidades pouco distantes umas das outras.
Por duas (objetivas e racionais) razões principais.
Primeiro, porque a cada vez maior potencialização e alcance das aeronaves não admitem – sem uma série de prejuízos – que atendam comunidades com pequenas distâncias umas das outras, tais e tantos os inconvenientes, desde os técnicos aos de manutenção, dispêndio de combustíveis e até de segurança com constantes decolagens. Descer e subir aviões em pequenas distâncias não é o mesmo que locomotivas pararem em estações ferroviárias.
Segundo, porque tais aeroportos domésticos têm-se mostrado altamente inconvenientes para as cidades que os abrigam, tanto por ocuparem grandes áreas urbanas com limitações de construções em largo entorno como por engessarem e impedirem o desenvolvimento pleno de bairros inteiros, obstando, inclusive, que se façam ligações viárias dentro das urbes.
Na região do Triângulo, por exemplo, não se justifica mais a existência de aeroportos domésticos em Uberaba, Araxá, Uberlândia, Patos e possíveis outros.
A construção de aeroporto na área central do Triângulo, regional do ponto de vista de seu atendimento à população e simultaneamente internacional por seu raio de ação, constitui solução técnica, econômica, geográfica e urbanística para suporte equânime a toda a região.
Em consequência, a pretensão de Uberlândia de sediar nas proximidades de sua malha urbana aeroporto nessas condições não se justifica, não passando de pretensão hegemônica e de domínio regional, além de tecnicamente desaconselhável.
Além de tudo, nesse caso (e em tantos outros) acresce a circunstância de que aquela cidade não se contenta em crescer por si mesma. Sempre, ou no mais das vezes, procura arrebatar empresas, instituições e até órgãos públicos das cidades vizinhas, notadamente de Uberaba, com o que consegue crescer e prejudicar o desenvolvimento das demais.
Por sua vez, o grupo do ex-prefeito Paulo Piau, em cuja administração foi alavancado o projeto do aeroporto internacional de carga, deve continuar reivindicando-o independentemente de estar fora do poder e do posicionamento reticente da atual administração, inclusive, exigindo dela continuidade administrativa em projeto de tal magnitude e envergadura, além de promover e manter permanentes articulações estaduais e federais com órgãos da área e líderes políticos influentes e convocar instituições e entidades uberabenses e regionais.
Já a opinião contrária de certos (e incertos) políticos e alguns cidadãos uberabenses – por equívoco ou por oposição político-partidária ou ressentimentos por perda ou não ascensão a cargos na anterior administração – representa patente desserviço à regionalização centralizada do aeroporto, não passando, tal posicionamento, de emulação política, um costume de antanho que teima em sobreviver e prejudicar Uberaba.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)