No livro Hildebrando Pontes – Historiador de Uberaba (lançado no blog Bibliografia Sobre Uberaba no dia 7 último), foram reunidos diversos artigos sobre sua obra desde a História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central até o Dialeto Capiau e ao ensaio sobre as raças bovinas brasileiras, bem como o que se escreveu sobre sua vida, em ligeira biografia.
Tudo que se tinha de dizer sobre ele e sua obra está dito e redito nos textos ora congregados e publicados, anteriormente disponibilizados neste jornal ou em livros.
Porém, cumpre expor. Esse tudo ainda é pouco diante do vulto, da diversidade e da abrangência dessa bibliografia.
Diversos outros de seus temas não foram atingidos por essas tratativas, a exemplo das genealogias e biografias que elaborou. Não por falta de interesse, já que a tematização elegida e procedida por Hildebrando se reveste de importância e significado, mas, por dificuldade ou impossibilidade de acesso.
Criterioso, minudente, curioso, incansável e entusiasta, Hildebrando praticamente não deixou de fora de sua atenção, zelo, pesquisa e divulgação nenhuma questão regional relevante e expressiva.
Na História de Uberaba, além dos lineamentos gerais dos atos e fatos primordiais que deram ensejo à cidade, fez ressurgir sua vida política nos entreveros que a formaram e agitaram tanto quanto outras questões relevantes que compuseram e emolduraram a civilização nela plasmada desde seu levantamento físico-topográfico, urbano-espacial e socioeconômico até a legislação municipal nela produzida para regular e disciplinar as vivências e convivências aí estabelecidas.
Na História do Futebol reviveu a introdução desse esporte via as primeiras bolas e diretrizes aportadas à cidade e a constituição, direção, composição e jogos procedidos pelos primeiros times que se foram organizando até 1922, inclusive o Uberaba Sport Club.
Tão diversa desse esporte, a imprensa também lhe mereceu alentado e minucioso estudo de um por um dos cento e oitenta e seis jornais e periódicos editados em Uberaba de 1874 a 1932.
Abrangente, multiforme e universalizante, Hildebrando também incursionou pelos complexos meandros do dialeto capiau e pela entrada, formação e disseminação das raças bovinas no país e introdução do gado zebu em Uberaba por quem, como e quando.
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Nos entremeios e entreveros de sua curta existência (viveu apenas sessenta e um anos), de sua porfia diária pela sobrevivência, de suas intensas atividades sociais e coletivas (ideou a lendária Exposição de Zebu de 1911, chefiou comitiva à Índia em 1914 para trazer gado zebu) e de seus desempenhos públicos e político-administrativos (foi vereador e prefeito de Uberaba), desafiou e sobrepujou as gerais tendências humanas pelo absenteísmo, o comodismo, o conformismo e a rotina para se dedicar, sem dúvida muito mais prazerosamente, ao estudo, à pesquisa e à elaboração de vasta, preciosa e diversificada obra que, protagonizando Uberaba e captando-lhe o perene pulsar da história, lhe legou monumento reconstitucional impecável e imperecível.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)