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História do futebol em Uberaba

Guido Bilharinho
Publicado em 22/02/2024 às 20:10
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O futebol chegou a Uberaba em 1903 por meio de bola (apenas a câmara de ar) trazida da França pelos irmãos maristas Luís e Mateus, que juntamente com outros elementos da congregação inauguraram na cidade seu segundo educandário no Brasil.

Praticado no Ginásio Marista como simples bate-bola, já que se desconheciam suas regras, possibilidades e versatilidade, somente em 1906 organizou-se o primeiro time de futebol pelos alunos maristas Gabriel Totti, Quirino Pucci, Apulcro Brasil, Santiago Sabino de Freitas e outros, time, no entanto, “de pouca duração, por não ter com quem jogar” (Hildebrando Pontes, História do Futebol em Uberaba, ALTM, 1972, p. 36).

Nesse mesmo ano de 1906 outro grupo de jovens, fora do Ginásio, procurou também organizar agremiação, não prosperada.

Em 1909, fundaram-se dois times inominados e distinguidos apenas pelas cores branca-preta e verde-amarela, que “realizaram em 25 de abril o primeiro jogo oficial que Uberaba conta” (Hildebrando Pontes, op. cit., p. 38).

Em 1910, foram fundados os times Mojiana Futebol Clube e Atlético Futebol Clube, que não chegaram a realizar jogos oficiais.

Em 1911, os times alvi-rubro (antes verde-amarelo) e o alvi-negro, ambos do Ginásio, adotaram a denominação de Diocesano Futebol Clube, motivada pelo convite que o agente executivo da cidade (prefeito), Filipe Aché, fez aos estudantes para participarem da Exposição Agropecuária a ser realizada no dia 3 de maio daquele ano, o que se efetivou, jogando o Diocesano contra time de Araguari, jogo que “Uberaba toda presenciou” (H. Pontes, op. cit., 39).

Daí até 1922 foram organizados em Uberaba, aproximadamente, 70 (setenta) times, entre eles o Uberaba Sport, fundado em julho de 1917.

Mas, por que até 1922?

Porque nesse ano surgiram em Uberaba dois livros sobre futebol, ambos pioneiros, ambos inusitados, ambos importantes e significativos. Não só para Uberaba como para o país.

Em série na imprensa e em livro, foi publicado na cidade o romance O Grande Esportista, do engenheiro Pascoal Toti Filho, o primeiro no Brasil tendo o futebol como tema central. Antes, em 1921, Pascoal já havia editado o livro Entrevistas e Comentários, referente à sua estada em São Paulo/SP, onde, por sua atuação nos seus meios esportivos, foi solicitado a dar entrevistas a jornais locais.

Outro livro também fundamental, conquanto tenha permanecido inédito exatos 50 anos, constituiu a História do Futebol em Uberaba, de Hildebrando Pontes, que, dependendo do teor e estrutura de livro sobre o futebol em São Paulo/SP editado em 1916, é o primeiro ou o segundo do gênero no país.

É livro extraordinário. Em todos os sentidos. Pela abrangência e pela minuciosidade. Pela avultada soma de informações e pela meticulosidade de sua apresentação. Pela valorização e zelo históricos e pela pertinaz pesquisa fática. Pelo inusitado, pelo pioneirismo e pela competência efetivada e corporificada.

Nele se agasalham e se expõem: a) informe sobre os esportes, jogos e divertimentos praticados em Uberaba antes do advento do futebol; b) históricos do surgimento do futebol no mundo e no Brasil; c) primeiras bolas aqui chegadas, seus desempenhos e destinos; d) paulatinos conhecimento e aplicação das regras do futebol; e) organização dos primeiros times, alguns inicialmente inominados; f) por ordem cronológica das respectivas fundações, dados e indicações de todos (mais de setenta) times fundados em Uberaba até 1922, ano da elaboração do livro, com datas, circunstâncias, fundadores, diretorias, plantéis, campos, estádios e, notadamente, todos os prélios por eles efetuados com seus respectivos resultados.

Escrito, em 1922, a lápis e em cadernos escolares, editado em livro em 1972 pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro e Bolsa de Publicações do Município de Uberaba, agora, após mais de outros cinquenta anos, tem reedição eletrônica no blog Bibliografia Sobre Uberaba, onde poderá ser acessado, baixado e impresso livre e gratuitamente.

 Guido Bilharinho

Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)

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