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Perspectivas

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 09/10/2023 às 18:30Atualizado em 09/10/2023 às 21:20
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Acordar pela manhã, cedinho. Abrir os olhos e fazer um plano mental do dia. Levantar, tomar banho e, depois, café da manhã. Preparar-se para o dia. Roupa, cabelo, maquiagem, adereços. Pouco mais, numa vida jovem, ainda sem tantos compromissos.

Sair de casa, caminhar ou tomar um transporte, individual ou coletivo. Encontrar pessoas: umas, simpáticas; outras, mais ou menos; algumas, nada mesmo. Lidar com todas elas, o melhor possível.

Almoçar. Pensar nas calorias e compensações devidas. Conversar um pouco, distrair-se, voltar ao trabalho, para as alegrias e aborrecimentos da tarde.

Depois, ir para casa ou, talvez, para uma segunda carreira. Um curso, outro trabalho, academia, um amigo, um encontro, um bar, uma igreja. De qualquer forma...

Voltar para casa. Rotina da noite, talvez outro banho, qualquer coisa na internet, leitura, estudo ou TV. Em caso de elevação espiritual, oração e meditação, mistérios do dia, o divino. Até... dormir.

Ou:

Acordar, ainda no meio da noite, e lembrar-se de que não está em casa. Está no cativeiro, nas mãos de algozes que querem sua humilhação e morte. Recordar, lenta e repetidamente, o desenrolar dos fatos até ali, desde quando tudo era normal, até a atual brutalidade.

Lembrar-se de ter tido sua intimidade devassada, fisicamente torturada e contemplar as feridas. Olhar à volta e ver outras mulheres igualmente cativas e devassadas.

Pensar na família distante, agoniar-se com a impossibilidade de se comunicar com ela. Sentir sede e fome, além do medo. E terror.

No fim da Festa dos Tabernáculos, em Israel, veio o ataque. Nessa festa, Jerusalém se enfeita e as pessoas convivem, rezam, comem, há até um desfile. Tiveram cuidado ao escolher a data, os escravos do mal.

Desde a primeira metade do século passado, não se via concretização tão vil do infame desejo de uns quantos de fazer desaparecer um certo povo da face da Terra. Quem sempre disse que “se eu estivesse lá, não compactuaria com aquilo”, agora tem a oportunidade de prová-lo.

Seja qual for a perspectiva, algo sempre é possível. Rezar.

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