O livro Stiquifar – 40 Anos de Lutas e Conquistas, da jornalista Isabel Durynek, lançado por ocasião da inauguração do promissor Instituto Educar Para Transformar – IEPT, no último dia 14, constitui a primeira obra elaborada a respeito das reivindicações e campanhas dos trabalhadores uberabenses e de uma de suas mais atuantes organizações sindicais, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas de Uberaba – ex-Stiacau e, agora, Stiquifar.
Antes, porém, de adentrar o tema central da obra, a autora promove alentado e circunstanciado retrospecto do processo administrativo-industrial de Uberaba, ou seja, seu caminhar em direção à industrialização de médio e grande porte propiciada e implementada em distritos industriais adredemente planejados, preparados e montados para agasalhar o nascente e promissor parque industrial do município.
Todavia, esse olhar retrospectivo não se limita a detalhamentos singularizados, mas, ao contrário, abrange ampla visão de seu processamento e evolver histórico desde as primeiras medidas aplicadas pelas administrações públicas municipais para a criação e manutenção de espaços adequados para receber e permitir o desenvolvimento de empreendimentos industriais.
Em decorrência da implantação e posterior implementação das plantas industriais que vieram ocupar e compor o complexo industrial do Distrito Industrial III, situado a uns trinta quilômetros da malha urbana da cidade, às margens do rio Grande, surge a organização sindical que centraliza, canaliza e ativa as reivindicações operárias, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas de Uberaba, tema central do livro.
Nesse levantamento factual, o texto de Isabel Cristina recupera toda a histórica trajetória da criação, organização, direção e atividades desenvolvidas por um dos mais operosos e atuantes sindicatos brasileiros na constante e diuturna defesa dos trabalhadores por ele representados na reivindicação de direitos trabalhistas olvidados por algumas direções empresariais desconectadas dos preceitos e princípios universais de humanismo e destituídas de consideração e valorização do trabalho, outro indispensável componente da equação Capital/Trabalho.
Nessa busca e porfia por salutar e produtiva convivência entre essas forças econômicas da sociedade, salientam-se o equilíbrio e o bom senso sindical de encaminhar as questões não resolvidas consensualmente ao Judiciário Especializado visando sua composição.
Ressalte-se, por fim, a inestimável contribuição do presente livro para a História Sindical Brasileira ao enfocar, com propriedade e objetividade, uma de suas mais emblemáticas organizações.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)