A obra acima intitulada (publicada no blog Bibliografia Sobre Uberaba) enfeixa três ensaios atinentes às questões explicitadas no título. Todas da maior relevância para o município, representando as duas primeiras sua própria razão de ser e, a última, a criatividade e inventividade dos uberabenses em inúmeras áreas de atuação e atividades.
A fundação da cidade sempre foi tema tormentoso e sujeito a controvérsias por não se saber e, muito menos, se ter documentada a data em que o então capitão Antônio Eustáquio da Silva Oliveira deu início à construção do retiro para gado de sua propriedade rural onde se situa a esquina da praça Rui Barbosa e rua Arthur Machado, no imóvel posteriormente ocupado pela residência e farmácia do historiador Antônio Borges Sampaio, anos depois pela célebre loja Notre Dame de Paris e, atualmente, pelo hotel Monte Carlo, sucessor do hotel Chaves.
Que a fundação se deu aí e nessa oportunidade, dúvida não subsiste, tanto por traduzir ato intencional, efetivado pela referida construção e, ao lado, de oficina de consertos de carros de bois e carruagens, como pela demarcação da área do futuro largo da Matriz e ruas adjacentes e, ainda, pelo convite feito por Eustáquio aos moradores do Desemboque e do arraial da Capelinha existente em área do hoje bairro rural de Santa Rosa para se mudarem para o local, construindo suas casas paralelamente ao retiro.
Conquanto isso, ou seja, conquanto se desconheça a data do início das mencionadas construções (retiro e oficina), tanto por carência de informação quanto de documentos (mesmo que particulares), o historiador Hildebrando Pontes, no ensaio “Tristão de Castro Guimarães e o Patrimônio Municipal de Uberaba” publicado como adendo à primeira edição da monumental História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central, editada em 1970 pela ALTM, indica que a fundação de Uberaba se deu entre o final de 1816 e início de 1817.
Não obstante Hildebrando não tenha, pelo menos nessa oportunidade, fundamentado sua assertiva, cabe-lhe toda razão.
Com base na confrontação dos textos dos viajantes estrangeiros (barão de Eschwege, Saint-Hilaire e Luís d’Alincourt), que aqui estiveram antes e depois da fundação da cidade, o referido ensaio corrobora sua informação.
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Por sua vez, a evolução econômica do município também não é isenta de controvérsias no que tange ao papel e à importância econômico-social da introdução do gado zebu, inicialmente no município, depois na região e, posteriormente, em todo o país e até no exterior a partir de Uberaba.
O ensaio a ela atinente, na contextualização histórico-cronológica que procede, abordando a questão, dirime a controvérsia, além de apresentar todos os ciclos de fluxos e refluxos comerciais do município.
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Por fim, o texto concernente às invenções e demais atividades pioneiras realizadas no município as indica, uma a uma, conforme manifestadas nos diversos setores de produção material, científica e artística em que ocorreram e vêm ocorrendo.
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Por essas razões, a obra Uberaba: Fundação, Evolução Econômica e Pioneirismo, extraída do livro Informação Sobre Uberaba, de nossa autoria, editado em papel em 2016, junta-se e irmana-se às já publicadas no blog para compor amplo painel de Uberaba e sua história.
Guido Bilharinho
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)