A Superintendência de Bem-Estar Animal esclareceu que a triagem seguiu critérios técnicos pré-estabelecidos em acordo com o HVU; protetoras discordam
De acordo com uma testemunha que acompanhou o atendimento, o animal já havia passado por uma cirurgia e estaria retornando para uma consulta de acompanhamento (Foto/Reprodução)
Protetores da causa animal acionaram a reportagem do Jornal da Manhã para manifestar indignação com um servidor público aposentado, que teria sido contemplado pelo convênio gratuito para atendimento de animais em Uberaba. Ao Jornal da Manhã, um dos denunciantes lamentou que o convênio com o Hospital Veterinário da Uniube (HVU) seja usado para situações que não incluem animais em situação de vulnerabilidade, apontando desigualdade no atendimento prestado pela Superintendência de Bem-Estar Animal, no que tange à escolha de quem será beneficiado e também com relação à agilidade. Eles alegam aguardar até por dias por uma autorização de casos graves, enquanto o servidor obteve autorização rapidamente. Questionada, a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) informou que a cadela foi resgatada após atropelamento e, posteriormente, adotada pelo funcionário público.
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De acordo com uma testemunha que acompanhou o atendimento, o animal já havia passado por uma cirurgia e estaria retornando para uma consulta de acompanhamento. Em nota, a Superintendência de Bem-Estar Animal, vinculada à Semam, confirmou a informação e explicou que a cadela foi atropelada no dia 1º de maio e socorrida inicialmente pelo próprio servidor. Enquanto aguardava a autorização do convênio, ele teria arcado, por conta própria, com a internação particular no HVU. O convênio foi acionado no dia seguinte e, após o procedimento cirúrgico, o homem adotou o animal e passou a levá-lo às consultas de retorno. Uma delas teria motivado a denúncia.
A principal crítica feita por protetoras independentes e pessoas ligadas à causa animal recai sobre a rapidez com que o atendimento foi liberado, enquanto outros pedidos, inclusive de urgência, enfrentam longas esperas. “Sempre nos dizem que não há disponibilidade de vagas quando tentamos socorrer animais errantes, em situação crítica. E pesquisamos o servidor no portal da transparência: ele ganha quase R$ 40 mil mensais. É muita desigualdade de tratamento com quem lida diariamente com a dificuldade de conseguir vaga para animais de rua. Como esse atendimento foi autorizado com tanta rapidez?”, questionou uma delas.
Segundo o Termo de Contrato de Prestação de Serviço firmado entre os órgãos, “os leitos são destinados, prioritariamente, a animais errantes — sem tutores ou protetores. Em seguida, são atendidos os animais de pessoas inscritas no CadÚnico, de organizações não governamentais (ONGs) e, por fim, de tutores ou protetores independentes, conforme a disponibilidade de vagas e o saldo contratual”, conforme destacou a própria Superintendência. No entanto, com a adoção formalizada por parte do servidor, protetoras passaram a questionar se o animal ainda se enquadraria nos critérios de prioridade do convênio, já que, ao ganhar um tutor, deixaria de ser considerado errante. A pasta não se manifestou sobre o assunto.
Uma das protetoras afirmou que continuará acompanhando o desdobramento e cobrando explicações do poder público quanto à transparência e aos critérios adotados para liberação do convênio.
O caso chama a atenção sobretudo diante de recente denúncia de suposto maus-tratos e desassistência a uma mula resgatada em Uberaba. Após o resgate, a mula batizada de Catarina foi acolhida no Horto e deixou de ser vista como prioritária pela administração municipal quando uma protetora assumiu seus cuidados. A mulher revelou ao Jornal da Manhã que, após retirar a mula do Horto, não conseguiu mais que ela fosse atendida pelo convênio com o HVU, mesmo estando debilitada. Mesmo após a morte, o animal também não recebeu assistência municipal, sob a justificativa que cabe ao tutor arcar com o manejo e descarte.
A Prefeitura de Uberaba apenas reforçou que o atendimento da Superintendência de Bem-Estar Animal ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, com casos de emergência atendidos até as 21h, pelo WhatsApp (34) 3318-0218.