Agosto, que já foi conhecido popularmente como o "mês do cachorro louco", ganhou um novo significado em Minas Gerais com a campanha Agosto Caramelo, voltada para a valorização da causa animal. Em sintonia com essa proposta, o Jornal da Manhã apresenta uma série especial sobre os cães das forças de segurança de Uberaba. O primeiro capítulo traz o 3º Pelotão de Policiamento com Cães da Polícia Militar, onde os cães dividem com os policiais a missão de proteger a cidade. Alguns veteranos se preparam para a aposentadoria e aguardam por um novo lar, enquanto os mais jovens seguem em treinamento.
A reportagem do Jornal da Manhã visitou o canil, localizado no 4º Batalhão, na Praça do Quartel, e foi recebida pelos militares Sargento PM Plínio Paulo Carvalho Porfírio, Cabo PM Moisés Aparecido de Oliveira Rosa e Soldado PM Ricardo Delege Júnior. Fundado em 1991, o pelotão foi o primeiro a funcionar fora da capital mineira, Belo Horizonte. O Soldado Ricardo representa a segunda geração da família no canil, seguindo os passos do pai, que esteve entre os policiais que ajudaram a criar a unidade em Uberaba. É entre esses profissionais dedicados que os cães se desenvolvem, recebem treinamento e vivem a rotina de disciplina e cuidados que garante seu desempenho em operações e o preparo para uma futura adoção responsável.
Entre os veteranos está Orion, um pastor alemão de 12 anos que brilhou por anos no trabalho de detecção. Hoje, com energia de sobra e temperamento dócil, ele aguarda um novo lar em processo de adoção responsável. Outro que já cumpriu sua missão é Fosco, pastor alemão de 10 anos, conhecido pela tranquilidade. Ele enfrenta problemas de saúde típicos da raça e perdeu o rabo, mas continua ativo e afetuoso. Ambos mostram que, mesmo após anos de serviço, os cães podem ter uma vida longa e feliz enquanto aguardam por famílias adotivas.
Se os mais velhos caminham para a aposentadoria, Unum representa a força da nova geração. Pastor alemão de cinco anos, ele chegou a Uberaba vindo de um canil parceiro, passou por treinamento local e recebeu certificação no centro de adestramento da PM, em Belo Horizonte. É considerado um dos mais versáteis do pelotão, atuando na detecção de drogas, armas e explosivos.
A trajetória de Unum também guarda um episódio curioso. Quando uma cadela pastor belga malinois entrou no cio, ele conseguiu escapar do canil e, dessa aventura, nasceu a ninhada que formou Scott, Sonny, Safira e Saori, todos permanecendo em Uberaba para treinamento. Alguns irmãos foram transferidos para Belo Horizonte e uma das fêmeas não passou no teste de certificação, sendo adotada por uma família. O acaso se transformou em oportunidade: hoje os filhos de Unum reforçam o pelotão e dão continuidade ao legado do pai.
Os irmãos Scott e Sonny, de 1 ano e 4 meses, já impressionam pela desenvoltura. Diferente dos demais, eles não são de detecção, mas sim de busca e captura – preparados para perseguir e imobilizar suspeitos. O treinamento intenso não tira o equilíbrio: mesmo quando exercitam a mordida, mostram temperamento controlado e socializado. “A gente busca cães equilibrados. Eles estão prontos para agir, mas fora do serviço são dóceis”, explica o Cabo Moisés.
As cadelas Safira e Saori estão atualmente em treinamento para ganhar maturidade operacional na detecção. Segundo os policiais, elas participam de cenários reais para aprender a agir de forma autônoma nas missões.
Além da família de Unum, o canil conta com outros nomes de peso. Asthor, pastor belga malinois de quatro anos adquirido por meio de emenda parlamentar, é especialista em detecção. Mais agitado e brincalhão, típico da raça, ele exige atenção redobrada dos treinadores, mas compensa com rapidez e energia durante as operações.
Outra aliada é Osíris, pastor belga malinois de três anos, que também atua na detecção. Ela tem sido requisitada para apoiar não só a Polícia Militar, mas também operações da Polícia Civil e da Polícia Federal. Sua habilidade reforça a importância dos cães como recurso estratégico no combate ao crime.
Os militares deixam claro que o temperamento é determinante: o pastor alemão traz equilíbrio, já o malinois é ágil e brincalhão — exigindo manejo cuidadoso, mas oferecendo alto rendimento nas operações.
Além da dedicação profissional, os cães também se tornam parte da família dos policiais. O Sargento Plínio recorda com emoção a adoção de um ex-companheiro: “Ele chorava quando me via saindo fardado para trabalhar”. Uma prova viva de que carinho e disciplina se somam, dentro e fora da farda.