Fila por aparelhos auditivos em Uberaba chega a mais de um ano

Quantidade de deficientes auditivos está subestimada em Uberaba. A ponderação é da fonoaudióloga Mariana Marquez, que coordena a Unidade de Saúde Auditiva das Clínicas Integradas da Uniube, referência em saúde auditiva no Município.  Dados do Censo divulgados este ano apontam que 1,2% da população da cidade possui deficiência auditiva, o que corresponde a cerca de 4.054 pessoas. Contudo, a fonoaudióloga estima que o número seja bem maior.  

A Unidade de Saúde Auditiva é referência no atendimento à comunidade surda não só de Uberaba como também da região. Segundo Mariana Marquez, são cerca de 80 novos pacientes todos os meses. "A gente já atendeu, desde 2009, cerca de 20 mil pacientes. O nosso movimento é muito grande", contou. 

O alto número de atendimentos reflete, inclusive, na espera por equipamentos auditivos. Mariana conta que antes da pandemia, o tempo de espera era de dois meses. Agora, o deficiente auditivo de Uberaba e região chega a aguardar por um ano e dois meses até a chegada do equipamento. Vale lembrar que todo o tratamento, inclusive os aparelhos, são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Hoje, a fila de espera é uma das maiores dificuldades enfrentadas, com uma demanda crescente por aparelhos auditivos, e uma quantidade limitada de vagas disponibilizadas.  

A partir do momento em que o paciente é atendido, o processo para obtenção do aparelho auditivo pode ser rápido, se o modelo estiver em estoque. Caso contrário, o prazo para entrega do aparelho é de aproximadamente uma semana. Depois disso, o paciente ainda deve fazer acompanhamentos periódicos para ajustes e manutenção dos aparelhos. Mariana destaca que, com o avanço da tecnologia, a regulação dos aparelhos auditivos pode ser feita até por aplicativos de celular, mas reconhece que a tecnologia nem sempre acompanha a realidade de todos os pacientes.  

Apesar dos esforços, a alta demanda e os limites de recursos colocam a saúde auditiva no SUS em uma situação delicada. É fundamental, portanto, que o paciente tenha paciência e responsabilidade no acompanhamento de seu tratamento, além de estar ciente da necessidade de conscientização sobre a importância do uso adequado dos aparelhos.