erence Melo afirma que falta de articulação com o Judiciário agrava reincidência criminal e situação de rua no município
A situação é agravada pela falta de estrutura para o acompanhamento de egressos do sistema prisional (Foto/Divulgação)
O recente episódio envolvendo flanelinha que ameaçou clientes e funcionários no Mercado Municipal de Uberaba, trouxe à tona um problema recorrente na cidade: a presença de pessoas em situação de rua e a reincidência criminal ligada à dependência química. Segundo o gerente de Atenção Social a Grupos Vulneráveis, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), Terence Melo, a situação é agravada pela falta de estrutura para o acompanhamento de egressos do sistema prisional, considerada um dos maiores entraves do município no enfrentamento da criminalidade e da situação de rua.
Em entrevista à Rádio JM, Terence Melo explicou que a superlotação do sistema penitenciário e a falta de integração entre as instâncias de Justiça e assistência social têm dificultado o trabalho de prevenção e reintegração. “A grande dificuldade hoje é mais do sistema Judiciário de manter essa pessoa onde ela não possa voltar a cometer crime. Julgou, condenou; daí para frente é a sociedade que tem que se virar”, criticou o gerente da pasta.
Além disso, Terence acrescentou que muitos crimes registrados em Uberaba envolvem pessoas recém-saídas do sistema prisional, algumas ainda com tornozeleira eletrônica e, sem acesso à moradia, emprego ou acompanhamento adequado, essas pessoas ficam vulneráveis e frequentemente acabam nas ruas ou voltam a cometer crimes. “A gente tem um problema sério no município do egresso, que é solto de forma quase que abandonada. Ele sai da penitenciária só com a roupa do corpo, muitas vezes sem nem documento”, disse.
De acordo com o gerente, a Prefeitura de Uberaba vem atuando de forma integrada entre as áreas de assistência social, saúde e segurança, especialmente para lidar com dependência química, apontada como um dos principais fatores que levam pessoas à vivência de rua e à reincidência criminal. “Uberaba tem estrutura para oferecer tratamento e acolhimento. O que falta, muitas vezes, é a atitude de quem está nessa condição de querer uma vida diferente. Mas dentro da assistência, a gente vai até onde a pessoa aceita a nossa ajuda”.
Ele ressaltou ainda que o município está “na vanguarda” em termos de rede de atendimento e acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade, mas que sem uma política mais eficaz de reinserção de egressos e maior responsabilização do sistema judiciário, o problema tende a se repetir.