A cada 2,5 dias, um veículo colide com um poste em Uberaba. Somente neste ano, foram 86 registros desse tipo de acidente, segundo dados da Cemig. A frequência elevada tem preocupado moradores e motoristas, principalmente em vias de grande circulação, onde postes danificados permanecem escorados por estruturas provisórias. Um dos pontos críticos é a Rua Governador Valadares, próximo ao prédio dos Correios, além da Avenida Marcus Cherem.
Apesar da aparência de insegurança, a Cemig afirma que esses escoramentos são soluções técnicas seguras e com resistência semelhante à de um poste novo. Segundo Emerson Salles Cruz, gerente de distribuição da Cemig em Uberaba, a instalação dessas estruturas é parte de um protocolo emergencial voltado ao restabelecimento rápido do fornecimento de energia. “Nosso primeiro objetivo é restabelecer a energia rapidamente, visto que temos clientes que, às vezes, são até dependentes da vida com relação à energia. Esse recurso técnico que usamos é totalmente seguro. Esteticamente não é bonito, mas tem toda a infraestrutura e qualidade técnica do poste original. Isso é feito de forma provisória para que a gente possa, de maneira programada, fazer a substituição dos postes”, explica.
De acordo com a companhia, o prazo médio para substituição definitiva das estruturas é de até 60 dias após o acidente, podendo se estender a 90 dias em situações mais complexas, como em áreas que exigem alinhamento com empresas de telefonia, internet e TV a cabo. Emerson destaca que, por se tratar de uma operação regulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há protocolos rigorosos a seguir: “Eu não posso desligar um cliente mais do que duas vezes dentro do mês. Para programar esse desligamento, eu preciso de 13 dias úteis. E ainda tem o aviso prévio aos clientes, como hospitais e empresas, que também precisam de tempo para se organizar”, elenca Emerson.
No caso do poste danificado na Rua Governador Valadares, próximo ao prédio dos Correios, Emerson informou que a substituição já está agendada para o dia 31 de agosto, um domingo. A escolha da data visa reduzir o impacto no trânsito e no fornecimento de energia em uma área bastante movimentada. “A gente geralmente faz essas programações em regiões mais urbanas e adensadas aos domingos para afetar menos pessoas. Às vezes um único poste é atingido, mas o impacto danifica mais dois ou três ao redor, o que exige um planejamento ainda maior”, ressalta, acrescentando ser este o caso em tela.
Os impactos desses acidentes vão além da estrutura física. Interrupções no trânsito, queda de energia e prejuízos à mobilidade urbana são frequentes. Pedestres também são afetados, especialmente em calçadas estreitas ou de grande fluxo, onde postes inclinados tomam espaço e representam risco. O prejuízo financeiro é expressivo: um único poste pode custar entre R$ 6 mil e R$ 8 mil, valor que pode dobrar quando há danos a equipamentos como transformadores.
Quando um acidente ocorre, a Cemig atua primeiro no escoramento e no restabelecimento da energia, o que costuma levar de três a quatro horas em condições normais. “Quando ocorre uma colisão, nosso primeiro atendimento visa garantir a segurança e religar o sistema. Só depois partimos para o processo de troca, que é mais complexo e depende de aviso prévio e agendamento com outras operadoras”, explica Emerson. Em situações de emergência, como quando há risco iminente à população, esse aviso prévio não é necessário. “Aí a questão da burocracia é eliminada. É uma questão de urgência. Em emergências, atuamos imediatamente, mesmo que o cliente não tenha sido avisado”, completa.
A Cemig destaca ainda que o motorista causador do acidente é o responsável pelo ressarcimento dos danos, com prazo de até 60 dias para efetuar o pagamento. Enquanto isso não ocorre, os moradores e comerciantes das regiões afetadas convivem com os transtornos. A reposição dos postes, por sua vez, só pode ser feita dentro das normas técnicas e regulatórias, o que nem sempre permite uma substituição imediata.
Muitos dos acidentes são causados por imprudência no trânsito. Emerson aponta que a maior parte das colisões ocorre durante a madrugada, entre 4h e 5h da manhã. “São horários em que as pessoas estão retornando de algum evento. Geralmente é nesse período que temos mais registros”, afirma. Fatores como velocidade acima do permitido, distração ao volante e desrespeito à sinalização continuam sendo as principais causas das colisões que, além dos prejuízos técnicos e financeiros, geram riscos diretos à segurança da população.