FEMINICÍDIO

Pais de jovem morta em escola negam bullying por parte da filha

Em nota encaminhada ao Jornal da Manhã, os pais acreditam em misoginia e a estudante foi alvo de feminicídio, assim como teriam outras meninas na mira

Joanna Prata
Publicado em 19/05/2025 às 17:02
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Pais de alunos promoveram homenagem à jovem após o ataque, em Uberaba (Foto/Divulgação)

Pais de alunos promoveram homenagem à jovem após o ataque, em Uberaba (Foto/Divulgação)

A família da adolescente morta a facadas dentro de escola particular de Uberaba questiona a motivação do crime. Em vídeo postado nas redes sociais, familiares atribuem à misoginia e classificam o ocorrido como feminicídio. Ao Jornal da Manhã, os pais da jovem pontuam que não houve qualquer situação e conflito entre ela e seus agressores e ponderam que os alvos da ação eram apenas meninas. Para eles, a escolha das vítimas indica que o ato teve como base o ódio direcionado ao gênero feminino.

Descrevendo a adolescente como "uma menina cristã, dedicada, carinhosa, meiga, doce", que ria muito e era extremamente feliz, seus pais enfatizam que nunca houve qualquer manifestação relacionada a bullying. "Nunca houve nenhuma reclamação da escola ou dos pais dos assassinos em relação a qualquer prática de bullying por ela ou por seu grupo de amigos. Não houve gritos, intimidações ou agressões em sua turma na escola", pontuam em texto enviado ao JM

Ainda segundo a família, o crime foi premeditado e sem provocação por parte da vítima e que outros estavam previstos. “Os algozes não planejavam apenas uma morte. Curiosamente (ou não), todos os alvos seriam mulheres. Se houvesse motivação em alguma ofensa ou bullying supostamente sofrido, não haveria meninos envolvidos? Apenas as meninas deveriam morrer? São questões que apontam para misoginia e para feminicídio”, assinala o texto. Para os pais, a exclusividade de meninas entre os possíveis alvos reforça que a motivação principal foi de natureza misógina, e, portanto, enquadrável como feminicídio.

A mensagem refuta versões divulgadas sobre supostos episódios de bullying na turma. A família afirma que não havia registros na escola ou junto aos responsáveis pelos agressores que apontassem condutas inadequadas por parte de Melissa ou de seus colegas."Não houve qualquer motivação para o crime cometido senão o ódio dos próprios agressores", diz um trecho. 

Os pais da jovem finalizaram a mensagem reafirmando sua fé cristã. Confiamos na Justiça de Deus. Mas esperamos, sim, que as leis humanas (que consideramos brandas demais) sejam cumpridas. É preciso que assassinos sejam condenados. Que atos de crueldade sejam punidos, para que seja possível viver sobre a terra. Nada justifica o que foi feito com nossa filha. A Melissa não voltará a nós (mas cremos que nós iremos a ela). Que cessem as mentiras. As incabíveis e revoltantes desculpas para um crime de ódio, que vitimou nossa doce Melissa", finaliza o texto. 

Vale lembrar que alguns detalhes compartilhados pelos pais com o JM devem ser elucidados pelas forças de segurança na primeira coletiva de imprensa sobre o caso, marcada para a manhã desta terça-feira (20), em Uberaba. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil e tramita em segredo de Justiça, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por envolver menores de idade.

Confira a íntegra da nota enviada ao JM:

"No dia 08/05/2025, nossa filha Melissa, de 14 anos, foi assassinada dentro de sua sala de aula. Três facadas lhe foram desferidas em um premeditado ato de crueldade. Melissa era uma menina cristã, dedicada, carinhosa, meiga, doce. Ria muito. Era extremamente feliz. Estudava em uma excelente escola, fazia inglês, piano, vôlei, pilates. Participava do grupo de adolescentes da igreja, tocava no Grupo de Louvor, servia na equipe de mídia da igreja. Era muito, muito amada e cuidada por sua família. Nunca houve nenhuma reclamação da escola ou dos pais dos assassinos em relação a qualquer prática de bullying por ela ou por seu grupo de amigos. Não houve gritos, intimidações ou agressões em sua turma na escola, ao contrário do noticiado na Coluna Falando Sério em 10/05/2025. São mentiras, assumidamente baseadas em relatos de fofoqueiros aleatórios, que conspurcam a imagem da nossa filha. Adolescentes riem, adolescentes têm grupos de amigos, adolescentes não são silenciosos e não devem morrer por isso. Mas foi silenciosamente que nossa filha morreu. E o que são gritadas são mentiras. Não houve qualquer motivação para o crime cometido senão o ódio dos próprios agressores. Nada aponta para qualquer comportamento da Melissa ou de seus colegas que possa ter gerado tal ódio. Os algozes não planejavam apenas uma morte. Curiosamente (ou não), todos os alvos seriam mulheres. Se houvesse motivação em alguma ofensa ou bullying supostamente sofrido, não haveria meninos envolvidos? Apenas as meninas deveriam morrer? São questões que apontam para misoginia e para feminicídio. Nós, pais da Melissa, cremos em um Deus soberano sobre todas as coisas, que tem propósitos a nós incompreensíveis às vezes, mas sempre perfeitos. O que nos mantém de pé é a graça de Deus, é saber que a Melissa, redimida por Jesus Cristo, desfruta agora a glória eterna do Pai. O Espírito Santo nos conforta diariamente para que consigamos prosseguir em meio a tanta dor. Confiamos na Justiça de Deus. Mas esperamos, sim, que as leis humanas (que consideramos brandas demais) sejam cumpridas. É preciso que assassinos sejam condenados. Que atos de crueldade sejam punidos, para que seja possível viver sobre a terra. Nada justifica o que foi feito com nossa filha. A Melissa não voltará a nós (mas cremos que nós iremos a ela). Que cessem as mentiras. As incabíveis e revoltantes desculpas para um crime de ódio, que vitimou nossa doce Melissa.
Daniel e Rosana"
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