A ideia é inspirada em modelos já existentes em outros estados, como o Rio de Janeiro, onde há uma “casa trans” que oferece estrutura de moradia, alimentação e atendimento médico pelo SUS (Foto/Reprodução)
Durante a última conferência municipal dos direitos LGBTQIA+, uma proposta, que pode se tornar histórica foi aprovada: a criação de uma instituição de longa permanência voltada ao acolhimento de pessoas trans idosas em Uberaba. A demanda, que nasceu da própria sociedade civil, será encaminhada agora à conferência estadual. “Foi uma proposta aprovada pela sociedade civil e entra como política pública tanto para o município quanto para o estado. Agora vamos lutar para que ela avance como projeto de lei”, afirmou Lucimira Reis, titular da Coordenadoria de Políticas LGBT.
A ideia é inspirada em modelos já existentes em outros estados, como o Rio de Janeiro, onde há uma “casa trans” que oferece estrutura de moradia, alimentação e atendimento médico pelo SUS. “É como se fosse uma RTI – Residência Terapêutica Institucional. A gente evita o termo asilo, porque não contempla toda a proposta de cuidado e acolhimento integral que queremos oferecer”, explica Lucimira. A proposta também pretende garantir direitos básicos e dignidade a uma população que enfrenta exclusão social, familiar e dificuldades no acesso à saúde pública, especialmente ao envelhecer.
A iniciativa responde a uma demanda antiga das próprias mulheres trans da cidade, que muitas vezes encontram dificuldades de inserção no mercado de trabalho após os 30 ou 40 anos, e vivem em situação de vulnerabilidade. “Tem muita gente que não tem família ou que precisou se afastar. Essa casa é um sonho antigo delas”, relata Lucimira. No entanto, ela ressalta que ainda não há dados oficiais sobre o número de pessoas trans idosas na cidade. Por isso, outra proposta aprovada foi a realização de um mapeamento local sobre essa população.
Agora, os esforços se concentram na articulação com o poder público e com outras instâncias sociais. “Vamos levar a proposta para o fórum estadual e, se possível, até para o federal. Porque se ficar só com a gente aqui, fica difícil nascer. O custo é alto, e precisamos de apoio financeiro e político”, pontua Lucimira. Segundo ela, garantir a aprovação de leis é essencial para dar continuidade ao projeto, independentemente de futuras mudanças na gestão municipal. “Precisamos que tudo vire lei, para que ninguém consiga tirar depois. É uma luta por cidadania e dignidade”, finaliza.