
Apesar dos registros, o CTA afirma que não é possível estimar o total de pessoas que vivem do trabalho sexual em Uberaba, já que muitos profissionais circulam entre cidades (Foto/Reprodução)
O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) intensificou, ao longo deste ano, o monitoramento e o apoio às profissionais do sexo que atuam em Uberaba. Segundo o gerente da unidade, Lucas Lopes, 58 novas profissionais, entre mulheres cis e mulheres trans, foram cadastradas somente em 2025. Os números foram divulgados durante entrevista ao JM News, da Rádio JM.
Apesar dos registros, o CTA afirma que não é possível estimar o total de pessoas que vivem do trabalho sexual em Uberaba, já que muitos profissionais circulam entre cidades, mudam de locais de atuação ou trabalham exclusivamente por meio de aplicativos e sites, sem ponto fixo.
Lucas explicou que a equipe do CTA mantém uma agenda de visitas semanais a pontos de maior fluxo para distribuição de preservativos e orientação. Entre os locais monitorados está a avenida Deputado José Marcus Cherém, tradicional ponto de concentração de profissionais que trabalham nas ruas. “O nosso pessoal sai semanalmente, cada dia em um ponto. As meninas (profissionais do sexo) passam e recebem o preservativo. É um vínculo importante para que elas retornem sempre ao serviço”, destacou.
Além das que atuam nas ruas, há também as que trabalham pela internet e procuram diretamente o CTA para testes, insumos de prevenção e acompanhamento.
O gerente explicou que parte dos novos cadastros é formada por pessoas de outras cidades, que passam temporadas em Uberaba, especialmente em períodos de maior movimentação econômica, como durante a Expozebu. Segundo Lucas, há grande circulação de profissionais vindas de municípios da região — como Uberlândia — e até do estado de São Paulo. “Elas circulam muito. Às vezes vêm com outros profissionais ou aproveitam grandes eventos para trabalhar na cidade”, disse.
Aumento de homens no trabalho sexual
A entrevista também revelou que homens compõem uma parte do público atendido pelo CTA. Em 2024, o órgão registrou 12 homens cadastrados, número considerado pequeno, mas em crescimento. Eles atuam como acompanhantes tanto de homens quanto de mulheres. Neste ano, porém, não houve novos cadastros masculinos, e os 12 registrados anteriormente deixaram de comparecer ao CTA, possivelmente por mudança de cidade ou encerramento da atividade.
Os cadastros realizados pelo CTA são sigilosos e têm validade anual, o que dificulta a construção de um número consolidado de profissionais que atuam na cidade. Muitos chegam a Uberaba, permanecem por um período e depois seguem para outras regiões. “É um universo muito dinâmico. As pessoas mudam de cidade, circulam bastante. Por isso trabalhamos com o número anual de cadastros, sempre garantindo que busquem o serviço e mantenham o vínculo”, explicou Lucas.